Rali do Japão promete a Neuville o título mundial que teima em escapar ao belga
Só o estónio Ott Tänak, a 25 pontos, pode negar a festa ao colega da Hyundai, que nos últimos 11 anos foi cinco vezes vice-campeão.
O belga Thierry Neuville e o estónio Ott Tänak, ambos pilotos da Hyundai, determinam este fim-de-semana, no Japão, na 13.ª prova do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC), quem sucederá ao finlandês Kalle Rovanperä como campeão do Mundo de 2024.
Uma decisão que chega no último rali do ano, tanto para pilotos como para construtores, o que não se verificava desde 2021, com Hyundai e Toyota na corrida.
Aos 36 anos, Neuville poderá, finalmente, depois de ter sido “vice” por cinco vezes (2013, 2016, 2017, 2018 e 2019), sagrar-se campeão mundial, bastando-lhe garantir no asfalto do Japão, piso em que é especialista, seis pontos (em 30 possíveis), que somados aos 225 conquistados em 2024 lhe garantem o ceptro que teima em fugir-lhe.
Tudo, depois de ter adiado a questão no Rali do Centro Europeu, igualmente em asfalto, que Neuville concluiu em terceiro lugar, após ter cometido um erro na manhã de sábado. O triunfo de Ott Tänak na penúltima prova, em que somou mais quatro pontos do que Neuville, não foi, ainda assim, suficiente para reacender verdadeiramente a luta que o belga só perderá por muito azar, como sucedeu em 2018, onde cedeu após um furo no primeiro dia e um despiste no último.
Este ano, Neuville possui duas vitórias (Monte Carlo e Grécia), contra igualmente duas de Ott Tänak (Sardenha e Centro Europeu), que soma 200 pontos… e lutará até ao limite para anular a diferença de 25 pontos para o companheiro de equipa, de forma a poder repetir a história de 2019, quando conquistou o seu primeiro e único Mundial, batendo precisamente Neuville.
Who will come out on top? ??https://t.co/TXCiWcQps2
— FIA World Rally Championship (@OfficialWRC) November 20, 2024
Tänak acredita até ao fim, sempre ciente de que Neuville tem todas as condições para conquistar o Mundial, bastando-lhe fazer uma “prova inteligente e mais cautelosa”, gerindo o risco que está sempre presente em todas as especiais.
“Se o fizer, não haverá a mínima hipótese de deixar fugir o Mundial”, asseverou o estónio.
Mas a possibilidade, ainda que reduzida, existe, até porque o belga não pode fazer uma corrida totalmente à defesa, pois terá ainda que ajudar a equipa a garantir o título de construtores, de forma a destronar a Toyota (a 15 pontos da Hyundai), campeã nos últimos três anos e vencedora do Mundial de pilotos desde 2019. Para a Hyundai, marca campeã em 2019 e 2020, conjugar os títulos de construtores e pilotos será um feito inédito, já que nunca levou, na sua história, qualquer piloto ao lugar mais alto do pódio.
Algo que este ano fica solucionado, juntando-se, assim, a marcas como Lancia, Fiat, Ford, Mercedes, Opel, Audi, Peugeot, Toyota, Subaru, Mitsubishi, Citroën e Volkswagen.
Um cenário que ficou definido na sequência do despiste do francês Sébastien Ogier (Toyota) na penúltima especial do Rali do Centro Europeu, quando ainda estava na luta pela conquista do nono Mundial, mesmo correndo em regime parcial (não participou na Suécia, Quénia e Polónia, tendo vencido na Croácia, Portugal e Finlândia).
Apenas o bicampeão Kalle Rovenperä (Toyota) somou mais triunfos em 2024 (Quénia, Polónia, Letónia e Chile), estando afastado da corrida pela revalidação porque optou por um regime idêntico ao de Ogier, tendo estado ausente dos ralis de Monte Carlo, Croácia, Sardenha, Grécia e Centro Europeu. Para além deste quarteto, só o finlandês Esapekka Lappi venceu um rali em 2024, impondo-se na Suécia.
Para Neuville, que desde 2016 só por uma vez não terminou um campeonato no pódio, obter o sucesso ambicionado no Rali do Japão resume-se a “encontrar o equilíbrio certo entre uma condução segura e eficiente”, para gerir o que considera de “vantagem confortável”.
Neuville foi, ainda, o único piloto a conseguir a pontuação máxima do novo sistema (18+7+5) num rali em 2024, conseguindo-o a abrir, em Monte Carlo, tendo sido o melhor no sábado, no domingo e na Power Stage, algo que apenas Rovanperä esteve perto de repetir no Chile (18+6+4), tendo sido impedido por Ogier.
Em retrospectiva, o Rali da Finlândia pode ter sido o momento determinante para a discussão entre Neuville e Tänak, já que o estónio abandonou sem somar qualquer ponto, tendo o belga terminado em segundo, com 23 pontos no bolso, que compensaram as perdas em Itália (41.º/12 pontos) e na Letónia (8.º), onde obteve a pior pontuação da temporada (9 pontos).