Obra de Magritte atinge recorde de 114 milhões de euros em leilão em Nova Iorque

Pintura da série Império das Luzes destronou o anterior máximo do pintor surrealista belga, fixado em 75,4 milhões de euros. Leilão da Christie’s prossegue esta quarta-feira.

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Detalhe de Império das Luzes, obra que fixa um novo máximo no mercado para René Magritte DR
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Uma pintura da série Império das Luzes, do surrealista belga René Magritte (1898-1967), foi leiloada na terça-feira pela Christie's, em Nova Iorque, por 121 milhões de dólares (cerca de 114 milhões de euros), valor que estabelece um novo recorde mundial para o artista.

Nesta obra de 1954, que pertence a uma série de 27 pinturas a óleo sobre o mesmo tema, o pintor retrata a imagem paradoxal de uma casa à noite, iluminada apenas por um candeeiro de rua, sob um céu azul diurno.

A peça do surrealista belga é uma das 19 da colecção da designer de interiores Mica Ertegun (1926-2023), centrada em obras do século XX, que estão por estes dias em leilão em Nova Iorque. A licitação prossegue esta quarta-feira.

Império das Luzes foi vendido por exactamente 121,16 milhões de dólares (114,472 milhões de euros, incluindo comissões e taxas), uma soma que o torna também uma das pinturas mais caras alguma vez vendidas em leilão, e a mais cara do universo da produção artística surrealista, no ano em que se assinala o centenário deste movimento.

O anterior recorde do pintor estava fixado em 79,8 milhões de dólares (cerca de 75,4 milhões de euros), valor pelo qual a pintura Le Principe du Plaisir (1937) foi rematada em 2022 num leilão da Sotheby’s.

O quadro inspirou o realizador americano William Friedkin a criar o famoso filme de terror O Exorcista (1973).

Esperava-se que a venda desta obra constituísse um dos pontos altos do leilão de Outono desta semana em Nova Iorque, numa altura em que o mercado da arte tem registado um abrandamento desde 2023, após os recordes em 2022, na sequência da pandemia.

Entre outras obras leiloadas no mesmo leilão de terça-feira, vendeu-se uma pintura de Ed Ruscha, Standard Station, Ten-Cent Western Being Torn in Half, por 68,26 milhões de dólares (cerca de 64 milhões de euros), estabelecendo um novo recorde de leilão para esta figura viva da arte pop americana, de 86 anos, que no final de 2023 inaugurou a exposição Now then, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).

Natureza morta numa mesa de vidro, em que David Hockney pinta uma mesa cheia de objectos em tons de azul e laranja, foi a segunda peça mais cara da sessão, atingindo 19 milhões de dólares (cerca de 18 milhões de euros).

Os coleccionadores também se interessaram por Peinture de Joan Miró (1893-1983), que acabou por ser vendida por 4,8 milhões de dólares (4,5 milhões de euros).

A Christie's continua esta quarta-feira o leilão de obras da colecção de Mica Ertegun, cujas receitas, segundo a leiloeira, reverterão em grande parte para iniciativas filantrópicas. "Durante a sua vida, Ertegun apoiou o Programa de Bolsas de Pós-Graduação em Humanidades da Universidade de Oxford, o Jazz no Lincoln Center, e o World Monument Fund", entre outras iniciativas e organizações, recorda a Christie's.