Esta cidade do Alasca não verá o nascer do sol durante 64 dias

O sol pôs-se a 18 de Novembro, e só voltará a sair do seu longo sono gélido a 22 de Janeiro de 2025. Quando o sol voltar a nascer em Utqiagvik, no Alasca, um novo Presidente ocupará a Casa Branca.

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Uma fábrica no mar de Beaufort, perto de Utqiagvik, no norte do Alasca. A porta 15 existe para impedir que os ursos polares entrem na estrutura para extracção de petróleo Karen Kasmauski/Corbis via Getty Images
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A cidade mais setentrional dos Estados Unidos — Utqiagvik, no Alasca está prestes a mergulhar em meses de escuridão. Pense da seguinte forma: quando o sol voltar a nascer, um novo Presidente ocupará a Casa Branca.

A cidade de Utqiagvik, anteriormente conhecida como Barrow, tem uma população de pouco menos de 5000 pessoas. Situa-se ao longo da região de North Slope, junto ao Oceano Árctico, a 71,17 graus de latitude norte cerca de 330 milhas a norte do Círculo Polar Árctico. Isto significa que, durante cerca de dois meses por ano, o sol fica abaixo do horizonte, dando origem a uma prolongada “noite polar”.

O sol pôs-se às 13h27, hora local (correspondente às 22h27 de Lisboa), de 18 de Novembro, e só voltará a sair do seu longo sono a 22 de Janeiro de 2025. Nessa altura, o sol nascerá às 13h15 no sul e pôr-se-á apenas 48 minutos depois. Depois disso, os dias tornar-se-ão mais longos rapidamente.

Até lá, o céu poderá assumir tons de azul ou violeta, parte do crepúsculo astronómico e civil (equivalente a quando começa a ficar mais ligeiramente mais claro antes de amanhecer, por exemplo), mas a luz do dia não irá além dessa luz crepuscular.

Clima brutal e implacável na escuridão

Os meses de escuridão contribuem para um clima brutal e implacável. Um quarto de todos os dias em Utqiagvik não ultrapassa os zero graus Celsius. A escuridão também favorece o desenvolvimento do vórtice polar estratosférico, um redemoinho de ar frio sobre o pólo Norte que influencia o clima do hemisfério Norte.

No solstício de Inverno, que ocorre às 5h02, (horário do leste dos EUA), a 21 de Dezembro, o sol ainda estará 4,7 graus abaixo do horizonte ao meio-dia.

Devido à inclinação do eixo da Terra, as regiões do Círculo Polar Árctico podem permanecer longe do Sol durante dias, semanas ou mesmo meses entre os equinócios do Outono e da Primavera. O efeito é tanto maior quanto mais nos aproximamos dos pólos.

Nos pólos Norte e Sul, há apenas um nascer e um pôr-do-sol por ano. O Sol nasce no equinócio da Primavera e põe-se no equinócio do Outono. No pólo Norte, isso significa luz do dia entre Março e Setembro. Durante o Outono e o Inverno, a escuridão dura seis meses; a única luz provém das estrelas, da lua e da cintilação esmeralda da aurora boreal.

Surpreendentemente, todos os locais da Terra registam a mesma duração de luz solar todos os anos (um bocadinho mais ou menos devido às montanhas, vales e outras características topográficas). Utqiagvik tem aproximadamente o mesmo número de horas de luz solar que Miami, Sydney e Moscovo; tudo se equilibra. No equador, cada dia tem aproximadamente 12 horas de duração, com flutuações sazonais ampliadas à medida que se avança em direcção aos pólos.

A diferença? O ângulo da luz solar e, consequentemente, a sua intensidade. A luz solar em locais de latitude elevada brilha a partir de um ângulo baixo no céu. Isso significa que a mesma quantidade de luz é espalhada por uma área muito maior e não é tão forte. Isso significa que não tem um grande efeito de aquecimento.

Utqiagvik apanha sol no Verão, quando a luminosidade reina 24 horas por dia na “terra do sol da meia-noite”. Utqiagvik, por exemplo, gozará de luz do dia sem parar entre 11 de Maio e 19 de Agosto de 2025.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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