Mais de 80% dos jovens já beberam álcool. Problemas relacionados com consumos aumentam

A prevalência do consumo de bebidas alcoólicas foi de 80% entre as raparigas e de 77% entre os rapazes em 2023, refere inquérito do ICAD. Mas há sinais positivos entre quem bebeu no último ano.

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A prevalência de qualquer problema relacionado com consumo de álcool passou de 19% para 32% no total de inquiridos, entre 2016 e 2023 Paulo Pimenta
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No ano passado, as prevalências de consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens de 18 anos manteve-se “muito elevada”, com 81% a declararem consumos pelo menos uma vez na vida. Quanto ao consumo recente – feito nos últimos 12 meses –, está na “ordem dos 78%”. Uma melhoria em relação a 2015, quando se cifrava em 83%, refere o relatório Comportamentos Adictivos aos 18 anos. Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional. Esta variação, que ocorreu sobretudo entre 2022 e 2023, contraria a tendência do aumento de consumos verificada entre 2015 e 2022. Mas será preciso verificar se se trata de uma mudança de ciclo, salienta o Instituto para os Comportamentos Adictivos e as Dependências (ICAD).

Os dados, divulgados nesta terça-feira pelo ICAD, resultam do inquérito nacional, realizado anualmente, a todos os jovens de 18 anos participantes no Dia da Defesa Nacional. Participaram neste inquérito 92.443 pessoas. Segundo a informação, mais de metade (55%) frequenta o ensino secundário e 34% já tinham iniciado o ensino superior.

Segundo o relatório, 51% dos jovens indicaram ter consumido álcool de forma binge (tomar cinco ou mais bebidas alcoólicas na mesma ocasião, no caso das raparigas; ou seis ou mais, no caso dos rapazes) nos 12 meses anteriores à realização do inquérito, sendo que 62% embriagaram-se ligeiramente e 36% severamente. “Ainda que intensos por ocasião, são padrões de consumo que tendem a ser pouco frequentes, predominando a indicação de uma a cinco ocasiões num período de 12 meses.”

Analisando as prevalências de consumo nos últimos 12 meses, em função do sexo, a prevalência de consumo de bebidas alcoólicas foi de 80% entre as raparigas e de 77% entre os rapazes, em linha com o ano anterior.

De acordo com o documento, “entre 2015 e 2023 diminuiu ligeiramente a prevalência de embriaguez ligeira nos últimos 12 meses (-1pp), enquanto aumentou a de consumo binge (+4pp) e a de embriaguez severa (+6pp)”, lê-se no documento.

Quanto ao consumo de tabaco, “48% dos jovens já fumaram pelo menos uma vez na vida, 41% nos 12 meses anteriores ao inquérito e 31% nos 30 dias anteriores”. Também neste caso, a prevalência no consumo recente (12 meses anteriores) desceu em relação a 2015 (52%).

Numa análise por sexos, o consumo de tabaco mantém-se superior entre os rapazes, “embora com uma diferença percentual de apenas um ponto”: 42% nos rapazes e 41% nas raparigas.

Aumentam problemas atribuídos aos consumos

As declarações de problemas relacionados com o consumo de bebidas alcoólicas e de substâncias ilícitas “têm vindo sistematicamente a aumentar”, aponta o relatório.

No caso das bebidas alcoólicas, a prevalência de qualquer problema relacionado com este tipo de consumo passou de 19% para 32% no total de inquiridos, entre 2016 e 2023. Este aumento “deve-se especialmente” a problemas relacionados com relações sexuais desprotegidas e situações de mal-estar emocional.

Relativamente ao consumo de substâncias ilícitas, entre 2016 e 2022, a prevalência de qualquer problema “aumentou consideravelmente” – de 9% para 14% no total de inquiridos. Destacam-se dois tipos de problemas que levaram a esta tendência: envolvimento em relações sexuais desprotegidas e situações de mal-estar emocional, os mesmos associados ao consumo de álcool.

Cannabis é a mais consumida

No que diz respeito à utilização de medicamentos tranquilizantes ou sedativos sem receita médica, a prevalência de consumo ao longo da vida foi de 7%, nos 12 meses anteriores ao inquérito de 5% e nos 30 dias anteriores de 3%. Quanto a drogas ilícitas, “29% declaram já ter consumido uma qualquer substância ilícita pelo menos uma vez na vida, 24% nos 12 meses anteriores e 14% nos 30 dias anteriores ao inquérito”.

A cannabis "é, a larga distância, o tipo de produto ilícito consumido por mais jovens, com prevalências de 27% ao longo da vida, 23% nos 12 meses anteriores e 13% nos 30 dias anteriores”, diz o relatório, que acrescenta que em 2023 “a substância que mais jovens mencionam ter adquirido através da Internet nos 12 meses anteriores ao inquérito é a cannabis”.

O estudo também analisa a associação de substâncias na mesma ocasião, que se manteve “semelhante entre 2015 (21%) e 2023 (19%)”. No ano passado, a prevalência de policonsumo foi “um pouco superior no grupo dos rapazes (22%) do que no das raparigas (16%)”. As principais associações identificadas foram a de álcool e bebidas energéticas (9%) e álcool e derivados de cannabis (8%).

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