Mondlane convoca três dias de luto “pelos mártires da revolução” em Moçambique

Candidato presidencial pediu três dias de luto nacional e um buzinão de 15 minutos na quarta-feira pelas 50 vítimas da repressão policial dos protestos contra os resultados das eleições.

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Apoiantes de Venâncio Mondlane protestam junto à fronteira com a África do Sul LUISA NHANTUMBO / EPA
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O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou esta terça-feira aos moçambicanos para cumprirem três dias de luto nacional pelas “50 vítimas mortais” das manifestações pós-eleitorais em Moçambique, incluindo uma paragem e um buzinão de automóveis de 15 minutos a partir das 12h de quarta-feira (menos duas horas em Portugal continental).

“Vamos parar todas as viaturas e buzinar em homenagem aos nossos heróis”, disse Mondlane aos seus seguidores através da sua conta no Facebook. “Os que não têm viaturas, das 12h às 12h15, levantem cartazes, da reposição da verdade eleitoral, nos semáforos, no meio das ruas, como se fossem sinaleiros”, pediu o candidato presidencial, anunciando a segunda parte da quarta fase da contestação aos resultados das eleições de 9 de Outubro.

De quarta a sexta-feira, em todo o país, Mondlane quer que as pessoas homenageiem aqueles que morreram nas acções de protesto anteriores, as pessoas que foram “baleadas pelas autoridades que as deviam proteger”. Para isso, decretou “luto nacional pelos mártires da revolução das panelas. Três dias de luto nacional”.

Para o candidato do Podemos, que pelos resultados oficiais da Comissão Nacional de Eleições ficou em segundo lugar atrás do candidato da Frelimo, Daniel Chapo, não podem morrer “50 pessoas” e a “sociedade ficar impávida e serena”.

Para evitar a repressão policial e os “infiltrados” e “vândalos” nos protestos, Mondlane pediu que não se fizessem marchas, apenas que se mantivesse o “panelaço” nocturno, com o bater de panelas e o sopro em apitos e vuvuzelas, assinalando com ruído a recusa em aceitar a manipulação de resultados por parte do partido no poder.

“A nossa manifestação vai ser estar de preto, bater panelas, levantar cartazes. Não vamos pegar em nenhum pau, em nenhuma catana, em nenhum objecto contundente”, disse, insistindo que as viaturas, “onde estiverem”, devem parar por 15 minutos a partir das 12h. “É a homenagem que queremos prestar aos que morreram.”

Em resposta àqueles que pensam que o protesto está a perder fôlego e a desmobilizar, o candidato presidencial explicou: “Aparentemente estamos a baixar a nossa intensidade, mas estamos em luto.” Um luto pelas 50 vítimas da repressão policial que “morreram como heróis, como mártires de uma revolução”.

As últimas mortes deram-se na cidade de Chimoio, capital da província de Manica, onde nas últimas 24 horas já foram mortas quatro pessoas, atingidas a tiro pela polícia. A mais recente vítima foi uma menor de 13 anos que não estava nos protestos, a mãe, que foi tentar socorrer a filha, acabou por ser ferida pelos agentes.