Dois cabos submarinos no mar Báltico foram cortados. EUA apontam o dedo ao Kremlin

Alemanha e Finlândia emitem declaração conjunta dizendo que a segurança da Europa está ameaçada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pela “guerra híbrida de actores maliciosos”.

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O cabo submarino de telecomunicações C-Lion1 foi colocado no fundo do mar Báltico na costa de Helsínquia, Finlândia, em Outubro de 2015 LEHTIKUVA / VIA REUTERS
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Dois cabos submarinos de comunicações de fibra óptica no mar Báltico foram cortados, levantando suspeitas de sabotagem, disseram na segunda-feira as empresas e os países envolvidos. O corte dos cabos acontece num contexto de novos avisos de possível interferência russa nas infra-estruturas submarinas mundiais.

Segundo a CNN World, os EUA detectaram um aumento da actividade militar russa em torno dos cabos de telecomunicações em alto-mar e acreditam que o Kremlin pode estar a dirigir operações para os desactivar.

O cabo de 1200 quilómetros que liga Helsínquia ao porto alemão de Rostock deixou de funcionar por volta das 2h00 GMT (hora de Portugal) de segunda-feira, informou a empresa estatal finlandesa de cibersegurança e telecomunicações Cinia, acrescentando que a sua reparação pode demorar entre cinco e 15 dias.

Outra ligação à Internet, um cabo de 218 km entre a Lituânia e a ilha sueca de Gotland, ficou fora de serviço por volta das 8h00 GMT de domingo, segundo a empresa lituana Telia Lietuva, pertencente ao grupo sueco Telia Company.

Os sistemas de monitorização desta empresa conseguiram perceber que houve um corte devido à interrupção do tráfego e que a causa foi provavelmente um dano físico no próprio cabo, disse o porta-voz da Telia Lituânia, Audrius Stasiulaitis, à CNN World. "Podemos confirmar que a interrupção do tráfego da Internet não foi causada por uma falha do equipamento, mas sim por danos físicos no cabo de fibra óptica."

A Finlândia e a Alemanha emitiram uma declaração conjunta em que se afirmam "profundamente preocupadas com o cabo submarino cortado" e estão a investigar "um incidente (que) levanta imediatamente suspeitas de danos intencionais".

A segurança da Europa está ameaçada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pela "guerra híbrida de actores maliciosos", afirmam no texto, citado pela Reuters, mas sem nomear suspeitos. Acrescentam ainda: "A salvaguarda das nossas infra-estruturas críticas comuns é vital para a nossa segurança e para a resiliência das nossas sociedades."

Acção híbrida”, sabotagem”

Já nesta terça-feira, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmou que a danificação dos dois cabos deve ser vista como um acto de sabotagem, embora ainda não esteja claro quem é o responsável. "Ninguém acredita que estes cabos tenham sido cortados acidentalmente. Eu também não quero acreditar nas versões de que foram âncoras que acidentalmente causaram danos nestes cabos", disse Pistorius, antes de uma reunião com os ministros da defesa da UE em Bruxelas.

"Por conseguinte, temos de afirmar, sem sabermos concretamente de quem provém, que se trata de uma acção híbrida. E temos também de presumir, sem o sabermos ainda, que se trata de uma sabotagem", acrescentou, citado pela Reuters.

"É absolutamente fundamental que se esclareça por que razão temos actualmente dois cabos no mar Báltico que não estão a funcionar", disse por sua vez o ministro da Defesa Civil da Suécia, Carl-Oskar Bohlin, à emissora pública sueca SVT.

Os incidentes ocorreram no momento em que dois dos países afectados, a Suécia e a Finlândia, actualizaram as orientações dadas aos cidadãos sobre a forma de sobreviver à guerra. Milhões de famílias nos países nórdicos receberão brochuras com instruções sobre como se prepararem para os efeitos de conflitos militares, falhas nas comunicações e cortes de energia.

Ambos os países aderiram à NATO nos últimos dois anos, depois de a Rússia ter lançado a sua invasão em grande escala da Ucrânia.

Localizado no Norte da Europa, o mar Báltico é uma rota marítima comercial activa e é rodeado por nove países, incluindo a Rússia. O episódio recordou outros incidentes nesta via marítima que as autoridades investigaram como potencialmente maliciosos, incluindo danos num gasoduto e em cabos submarinos no ano passado e as explosões dos gasodutos do mar do Norte em 2022.

No ano passado, um gasoduto submarino e vários cabos de telecomunicações que passavam no fundo do mar Báltico foram gravemente danificados num incidente que fez soar o alarme na região.

Os investigadores dos casos de 2023 na Finlândia e na Estónia identificaram um navio porta-contentores chinês que, segundo eles, arrastou a sua âncora e causou os danos. Mas não disseram se os danos foram acidentais ou intencionais.

Em 2022, os gasodutos Nord Stream, que ligam a Rússia à Alemanha no mar Báltico, foram destruídos por explosões num caso que continua a ser investigado pelas autoridades alemãs.

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