Federer escreve carta ao “velho amigo” Nadal: “Fizeste-me desfrutar ainda mais do jogo”
Antigo tenista publica carta nas redes sociais em homenagem a Rafael Nadal, que está a viver os últimos dias da carreira. “Desafiaste-me como nunca ninguém conseguiu”, confessou Federer.
O suíço Roger Federer assumiu esta terça-feira, 19 de Novembro, que Rafael Nadal o fez gostar ainda mais do ténis, considerando-se um "velho amigo" que vai sempre apoiar o espanhol, que se prepara para a despedida da modalidade.
Numa longa carta publicada nas redes sociais, o helvético, que se retirou em 2022, em lágrimas e ao lado de Nadal, deixou grandes elogios ao maiorquino, sempre com algum humor à mistura. "Vamos começar com o óbvio: ganhaste-me muito. Mais do que eu consegui vencer-te a ti. Desafiaste-me como nunca ninguém conseguiu. Em terra batida, sentia que estava a entrar para o teu quintal e fizeste-me trabalhar mais do que eu pensava e apenas tentava segurar-me em campo. Fizeste-me reinventar o meu jogo, até usei uma raquete com uma cabeça maior para tentar ter alguma vantagem", escreveu.
Federer lembrou ainda todos os rituais de Nadal antes dos pontos — "juntar as tuas garrafas de água como soldados de brincar em formação, arranjar o cabelo, ajustar a roupa interior" —, algo que ajudava ainda mais à intensidade do jogo do espanhol.
"Secretamente, adorava tudo aquilo. Porque era tão único, eras tão tu. E sabes, Rafa, fizeste-me desfrutar do jogo ainda mais", referiu Federer.
O suíço lembrou ainda a história conjunta com o maiorquino, que começou em Miami, em 2004, pouco depois de Federer ter chegado ao topo do ranking mundial, com a conquista do Open da Austrália.
"Pensava que estava no topo do mundo. E estava, até dois meses depois, quando tu entraste no court em Miami, com a camisola vermelha sem mangas, mostrando esses bíceps, e me derrotaste de forma convincente", recordou. Essa derrota, nos 16 avos de final do Masters 1000 de Miami, por duplo 6-3, provou que era verdadeiro todo o entusiasmo com que se falava sobre o "talento geracional" que vinha de Maiorca.
"Estávamos ambos no início da nossa jornada e foi uma que fizemos juntos. Vinte anos depois, Rafa, tenho de dizer: que incrível caminhada fizeste, incluindo 14 Roland Garros: histórico! Deixaste a Espanha orgulhosa, deixaste todo o mundo do ténis orgulhoso", afirmou.
Federer garantiu ainda que "significou tudo" para si ter Nadal ao seu lado na despedida na Laver Cup, "não como rival, mas como colega de pares". "Partilhar o court contigo naquela noite, e partilhar aquelas lágrimas, vai ser para sempre um dos mais especiais momentos da minha carreira", assegurou o helvético.
Para o suíço, Nadal "sempre foi um modelo para crianças em todo o mundo", mostrando-se satisfeito por os seus filhos terem treinado nas academias do maiorquino, mesmo com a preocupação de que pudessem começar a jogar com a mão esquerda.
"Rafa, sei que estás focado nos últimos momentos da tua carreira épica. Falaremos quando estiver feito. Por agora, apenas quero congratular a tua família e equipa, que tiveram um papel massiço no teu sucesso. E quero que saibas que o teu velho amigo vai estar sempre a apoiar-te e vai apoiar-te da mesma forma ruidosa em tudo o que fizeres a seguir", concluiu.
Rafael Nadal vai retirar-se da competição esta semana, após as finais da Taça Davis, que se disputam em Málaga. O maiorquino não conquista qualquer título desde 2022, quando venceu os dois últimos torneios do Grand Slam, na Austrália e em Roland Garros, coroando-se ainda mais como o "rei" da terra batida, ao vencer pela 14.ª vez em Paris, no seu último título.
Além dos 22 majors conquistados, o maiorquino, antigo número um mundial, conquistou mais 70 troféus e foi campeão olímpico em singulares em Pequim2008, conseguindo o Golden Slam, quatro majors e ouro olímpico e em pares no Rio2016.
A despedida será em casa, disputando a final a oito da Taça Davis em Málaga, procurando o quinto título na competição por equipas. Nadal é o segundo membro do "big 3", que dominou o ténis mundial nos últimos anos, a retirar-se, depois de Roger Federer, em 2022, "sobrando" apenas Novak Djokovic, num fim de uma era à qual se pode juntar a reforma do britânico Andy Murray após os Jogos Olímpicos Paris2024.