A cimeira das Nações Unidas sobre o clima (COP29), que decorre em Bacu, no Azerbaijão, promoveu uma declaração para inverter as emissões de metano provenientes dos resíduos orgânicos, responsáveis por cerca de 20% das emissões do gás.
Cerca de um terço dos impactos climáticos é causado pelo metano na atmosfera, um gás com efeito de estufa muito nocivo, criando um problema que os países querem travar na COP29, que decorre até sexta-feira. A declaração promovida na COP29 é “um precedente importante” para resolver o problema do metano no sector dos resíduos, disseram à agência de notícias EFE fontes que participaram nas negociações da cimeira. Cerca de 20% das emissões de metano provêm do sector dos resíduos e a maior parte está relacionada com os resíduos orgânicos dos alimentos, segundo os especialistas.
Os gases na atmosfera actuam como uma estufa: retêm o calor do sol e impedem-no de escapar para o espaço, causando o aquecimento global. Muitos gases com efeito de estufa produzem-se naturalmente na atmosfera, mas a actividade humana contribuiu para uma grande acumulação. Actualmente, os níveis de aquecimento global têm efeitos evidentes, como catástrofes naturais cada vez mais recorrentes.
Na cruzada dos países contra o metano, a COP28, realizada em 2023 no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, centrou-se no controlo das emissões de metano provenientes dos combustíveis fósseis. Na próxima reunião da ONU sobre o clima, que será no Brasil, a tónica será colocada nas emissões de metano provenientes da agricultura e dos sectores conexos, e na forma de as combater, segundo os especialistas. Animais como as vacas, os porcos e as ovelhas são grandes produtores de metano, no âmbito do seu processo digestivo normal, e a criação extensiva de gado tem agravado o problema, segundo as organizações ambientais.
O presidente da COP29 e ministro da Ecologia do Azerbaijão, Mukhtar Babayev, participou no evento da COP29 “Redução do gás metano proveniente de resíduos orgânicos para a acção climática”, tendo alertado para o perigo do metano e para o aumento das emissões provenientes da indústria de resíduos. O problema surge quando os resíduos orgânicos se decompõem em aterros sanitários e águas residuais, acrescentou.
Para conter o aquecimento global em 1,5 graus Celsius, o mundo deve reduzir as emissões de metano da indústria de resíduos em entre 30% e 35% até 2030 e em cerca de 55% até 2050, de acordo com a Avaliação Global do Metano do Programa das Nações Unidas para o Ambiente. A União Europeia, os Estados Unidos da América e os seus parceiros fazem parte de um compromisso global em matéria de metano para promover a atenuação a curto prazo das emissões antropogénicas de metano, envolvendo mais de 100 países que representam mais de 70% da economia mundial. O seu compromisso consiste em reduzir, até 2030, as emissões globais de metano em, pelo menos, 30% abaixo dos níveis de 2020.
Os peritos pedem a vinculação das acções de controlo do metano às contribuições dos países para reduzir as emissões a serem apresentadas no próximo ano na COP30.