Portugueses pouco confiantes na capacidade de gestão de crises na saúde
Segundo o Health at a Glance 2024, Portugal tem, entre 19 países da União Europeia, um dos níveis mais baixos de confiança na capacidade de gestão de crises das instituições governamentais.
A confiança pública nas instituições governamentais “é um determinante fundamental da eficácia dos esforços de preparação e resposta a crises” em saúde, refere o relatório Health at a Glance 2024, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Porém, o nível de confiança não é igual em todos os países e em Portugal a confiança na capacidade de gestão de crises das instituições governamentais foi das mais baixas – apenas 33%, que compara com os 82% da Finlândia e os 68% da Holanda.
A pandemia de covid-19 “expôs vulnerabilidades nos sistemas de saúde pública europeus”, revelando a “importância de fortalecer as capacidades de preparação para crises para proteger a saúde pública e minimizar as perturbações” sobre o sistema de saúde. Quando questionados sobre quais riscos a que se sentem mais expostos em 2024, “27% dos cidadãos da UE relataram sentir-se expostos a emergências de saúde humana”, refere o relatório.
Se altos níveis de confiança “podem promover a conformidade pública com medidas de saúde e coesão social durante crises”, quando estes níveis são baixos a eficácia das intervenções de saúde pública pode ficar em causa devido a uma menor adesão às indicações. Em 2023, a OCDE fez um inquérito sobre as percepções públicas da capacidade das instituições governamentais de proteger a vida das pessoas.
“Em média, nos 19 países da UE com dados disponíveis, mais da metade dos entrevistados da pesquisa expressou confiança na capacidade dos seus governos em proteger a população no caso de uma emergência em larga escala, enquanto 31% acreditavam que não seriam capazes”, aponta o documento.
As percentagens mais altas de confiança na capacidade de gestão de crises das instituições governamentais registaram-se na Finlândia (82%), nos Países Baixos (68%) e na Dinamarca (66%). Em contraponto, as mais baixas registaram-se na Letónia (35%), em Portugal (33%) e na Grécia (30%).
“Essas grandes diferenças nos níveis de confiança podem ser atribuídas a vários factores, incluindo o desempenho histórico de gestão de crises, a força dos sistemas de bem-estar social, a satisfação com os principais serviços públicos, avaliações dos recursos de um país e predisposições culturais para confiar em instituições em geral”, sugere o relatório.
Reforçar a capacidade de preparação para crises é essencial e o Regulamento Sanitário Internacional da Organização Mundial de Saúde “serve como a pedra angular” para esse esforço. Revisto em 2022 em resposta à pandemia, este regulamento, que funciona com base em pontos numa escala até 100, permite aos países desenvolverem as suas capacidades para detectar, avaliar e responder a ameaças à saúde pública. Esta escala abrange 15 áreas consideradas essenciais para uma gestão eficaz de emergências de saúde pública, entre as quais vigilância laboratorial, comunicação e riscos químicos.
Em 2023, os países da UE tiveram em média uma pontuação auto-avaliada de 75 pontos em 100, “consistente com a pontuação média relatada em 2020”. Segundo o documento, Portugal registou 83 pontos, mais um do que os registados em 2020, próximo das pontuações relatadas por França e Lituânia (ambas com 86 pontos) e Alemanha (85). A Dinamarca foi o país com o valor mais alto: 97.