UE aprova mais 20 milhões de euros para apoiar a força ruandesa em Cabo Delgado

Bélgica abstém-se e sublinha a importância do respeito pela Carta das Nações Unidas. Ataque jihadista fez pelo menos 14 mortos no domingo na província moçambicana.

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O contingente da Força de Defesa do Ruanda está em Cabo Delgado desde Julho de 2021 JEAN BIZIMANA / REUTERS
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O Conselho da União Europeia aprovou esta segunda-feira, a pedido do Governo moçambicano, um apoio adicional de 20 milhões de euros para financiar a presença do contingente da Força de Defesa do Ruanda que está em Cabo Delgado desde Julho de 2021 para combater a insurgência jihadista naquela província do extremo norte de Moçambique. Ainda este ano, o número de efectivos foi aumentado para cerca de cinco mil efectivos.

Só a Bélgica não aprovou a decisão, optando por se abster, justificando a decisão dizendo que, “embora apoie a luta contra o terrorismo em Cabo Delgado e desejando adoptar uma abordagem construtiva e de apoio dentro da UE”, o país pretende “sublinhar a importância do respeito pela Carta das Nações Unidas”. Sinal de que o eco das recentes denúncias de violação dos direitos humanos cometidos pelos militares moçambicanos em Cabo Delgado, publicados pelo Politico, ainda está bem presente.

De acordo com o Conselho da UE, os 20 milhões de euros agora aprovados destinam-se a financiar a aquisição de equipamento pessoal e a cobrir os custos de transporte aéreo necessário para manter o contingente ruandês em Cabo Delgado. E complementa o apoio de 89 milhões de euros às Forças Armadas de Moçambique treinadas pela Missão de Treino da UE (EUTM).

“A presença da RDF tem sido instrumental para conseguir avanços e mantém-se como fundamental, especialmente tendo em conta a recente retirada da Missão Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM)”, afirmou Josep Borrell, o ainda alto representante da política externa dos 27. “Esta medida de reforço testemunha o apoio da UE à ideia ‘soluções africanas para problemas africanos’ e, como parte da luta global contra o terrorismo, também serve os interesses da União Europeia na região.”

A decisão da UE chega numa altura em que, depois de uma relativa acalmia, se voltou a registar um ataque jihadista de monta em Cabo Delgado. No domingo, em Nacuale, 14 aldeões foram mortos (incluindo crianças), bem como um membro das milícias locais que ajudam o exército moçambicano no combate ao Al-Shabab, disse uma fonte da autoridade local à Lusa. Nacuale situa-se a uma vintena de quilómetros da sede do distrito, Ancuabe.

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