Split foi um bom tubo de ensaio para Portugal mas só durante 45 minutos
Na última jornada da fase de grupos da Liga das Nações, a selecção portuguesa realizou uma boa primeira parte, mas permitiu que a Croácia chegasse ao empate após o intervalo
Para Portugal, o jogo era “a feijões” depois de garantido o primeiro lugar do grupo A1 da Liga das Nações, mas, mesmo assim, Roberto Martinez abdicou de fazer turismo na viagem à margem oriental do Mar Adriático. Em Split, contra uma Croácia que precisava de pontuar para segurar a qualificação, o seleccionador nacional testou novos jogadores e diferentes soluções tácticas, mas o resultado das experiências apenas teve um saldo positivo durante os primeiros 45 minutos, período onde um bom golo de João Félix deu vantagem a Portugal. Na segunda parte, com muitas substituições e alguns jogadores em quebra física, a Croácia aproveitou para chegar ao empate (1-1), resultado que precisava para também garantir a presença nos quartos-de-final.
Com a clareza que tem sido uma das suas imagens de marca, Martinez, na antevisão do último capítulo português na quarta edição da fase de grupos, tinha avançado que iria repetir o plano da jornada dupla de Outubro, o que significaria “cinco ou seis mudanças” em relação à partida frente à Polónia. Porém, com uma baixa de última hora - Diogo Costa ficou de fora por problemas gástricos -, apenas quatro jogadores repetiram a titularidade: Renato Veiga, Nuno Mendes, João Neves e Rafael Leão.
Para além das mexidas, o anúncio do “onze” português em Split colocava uma dúvida sobre qual seria o papel de João Cancelo no plano de Martinez. Com Nelson Semedo e Nuno Mendes na equipa, era previsível que Cancelo ocupasse terrenos mais adiantados, e o jogador do Al Hilal acabou por ser uma peça importante na maleável táctica portuguesa.
Se no momento defensivo Portugal surgia com uma linha de cinco, com Cancelo na esquerda e Nuno Mendes no centro a par de Renato Veiga e o estreante Tomás Araújo, quando a bola corria nos pés portugueses, Cancelo fugia quase sempre para zonas interiores. A camaleónica aposta táctica de Martinez teve o mérito de confundir os croatas.
Com Vitinha a ser o motor da equipa a meio-campo, Portugal pegou no jogo após o apito inicial e, mesmo não tendo uma clara referência na área da Croácia, surgia com assiduidade nas proximidades da baliza defendida por Livakovic, quase sempre com a ala esquerda (Nuno Mendes e Rafael Leão) em destaque.
O resultado do domínio português ficava reflectido na estatística no final do primeiro terço da partida - 62% de posse de bola para Portugal -, mas foi preciso esperar pouco mais para que, no marcador, o ascendente luso também fosse visível: aos 32’, a uma assistência perfeita de Vitinha seguiu-se uma recepção de classe de João Felíx com o pé direito e uma finalização de qualidade com o pé esquerdo - dos nove golos do avançado do Chelsea pela selecção, três foram apontados à Croácia.
Até aí inofensivos no ataque, os croatas reagiram aos 39’ – Kramaric acertou no poste -, mas a vantagem portuguesa ao intervalo era justa e podia ser mais dilatada.
O segundo tempo, todavia, foi diferente. Ao intervalo, o experiente Zlatko Dalic ajustou a táctica croata à estratégia do rival e, com o início das substituições e alguns portugueses em quebra física, a Croácia aproveitou um período de algum desnorte defensivo de Portugal após a saída por lesão de Tomás Araújo para chegar ao empate, por Gvardiol.
Mesmo sem conseguir ter a qualidade da primeira parte, a equipa portuguesa esteve pouco depois muito perto de recuperar a vantagem – uma grande defesa de Livakovic impediu o golo a Nuno Mendes -, mas as trocas finais de Martinez (Fábio Silva e Tiago Djaló também fizeram a estreia) retiraram clarividência a Portugal, enquanto a Croácia já tinha o empate que necessitava para assegurar o ponto que garantida o lugar nos quartos-de-final.