Fernando Madureira expulso de sócio do FC Porto
Antigo líder da claque Super Dragões está detido no âmbito da Operação Pretoriano. Sandra Madureira e Vítor Catão estão entre os restantes sócios abrangidos pela sanção, que pode ainda ser recorrida.
Fernando Madureira foi expulso de sócio do FC Porto, bem como a mulher, Sandra Madureira, e ainda Vítor Catão e Vítor Aleixo, dois associados envolvidos nos incidentes da Assembleia-Geral (AG) do FC Porto de 13 de Novembro de 2023. A informação foi confirmada pelo PÚBLICO junto de fonte do clube "azul e branco", tendo sido tomada pelo Conselho Fiscal e Disciplinar dos "dragões" e será ainda passível de recurso nos próximos 30 dias. Caso decida recorrer desta decisão, a expulsão de sócio será analisada e votada pelos restantes sócios numa AG futura. Fernando Saul, antigo oficial de ligação aos adeptos, foi suspenso por 45 dias.
O antigo líder dos Super Dragões é o principal arguido da Operação Pretoriano, investigação iniciada após incidentes de violência na AG do FC Porto, em Novembro de 2023. Está detido desde o final de Janeiro e é acusado de ser o mentor de um clima de medo e intimidação contra os apoiantes de André Villas-Boas. Nesta reunião de associados portistas em que se votava uma alteração dos estatutos, registaram-se agressões e insultos.
O casal Madureira é acusado de 31 crimes: 19 de coacção agravada; sete de ofensa à integridade física no âmbito de espectáculo desportivo; três de atentado à liberdade de informação; um de instigação pública a um crime e outro de arremesso de objecto.
Após a AG portista, a antiga direcção, liderada por Jorge Nuno Pinto da Costa, anunciou a abertura de procedimentos disciplinares, mas não houve qualquer repercussão para os principais elementos dos Super Dragões. Depois da tomada de posse de André Villas-Boas, foi aberto um novo processo, que resulta agora na expulsão de Fernando Madureira e Sandra Madureira. Além dos incidentes de violência, o casal é suspeito de ter lucrado durante anos com a venda irregular de bilhetes cedidos pelo clube.
Estes factos motivaram a abertura de uma segunda investigação pelo Ministério Público, baptizada Operação Bilhete Dourado, e são ainda investigadas internamente por uma auditoria forense de larga escala iniciada pelos "dragões" nos últimos meses.
De acordo com a acusação do Ministério Público, Fernando Madureira arregimentou elementos dos Super Dragões para impedir através do medo e da violência que os sócios portistas chumbassem a alteração dos estatutos. Esta mudança iria reforçar o poder de Pinto da Costa e dificultar uma putativa candidatura de André Villas-Boas. À data dos factos, o ex-treinador ainda não era candidato oficial à presidência portista, apesar de caminhar a passos largos para um lugar que acabaria por conquistar com mais de 80% dos votos.
Em mensagens trocadas pelo casal Madureira, era também possível perceber que as regras da AG pouco ou nada pareciam importar. Os líderes da principal claque "azul e branca" conseguiram assegurar vários cartões de sócios, facilitando a entrada de pessoas que não podiam estar nesta reunião apenas reservada a sócios. Outros elementos dos Super Dragões terão conseguido acesso a pulseiras que lhes garantiam entrada automática no recinto da AG sem nunca terem sido devidamente credenciados.
Na fase de instrução que ainda decorre, Fernando Madureira negou em tribunal qualquer participação nos incidentes de violência, professando amor ao FC Porto e a Jorge Nuno Pinto da Costa. O antigo dirigente sempre recusou responsabilizar o líder dos Super Dragões pelo clima de intimidação sentido por vários sócios presentes na AG, mostrando publicamente por diversas vezes total apoio a Fernando e Sandra Madureira.
Fernando Madureira foi líder indiscutível dos Super Dragões durante duas décadas, renunciando à liderança da claque em Maio passado, depois de quatro meses em prisão preventiva.