Estrela do ballet russo Vladimir Shklyarov morre aos 39 anos

O Teatro Mariinsky disse que o bailarino estava a tomar analgésicos para uma lesão e caiu do quinto andar.

Foto
Vladimir Shklyarov em Giselle numa actuação com o American Ballet Theater na Metropolitan Opera House, Nova Iorque, em 2015 Hiroyuki Ito/Getty Images
Ouça este artigo
00:00
03:06

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O mundo do ballet está de luto pela morte de Vladimir Shklyarov, um dos seus bailarinos principais, escreve a BBC, no obituário desta estrela do Teatro Mariinsky.

A sua morte, que foi anunciada pela companhia de São Petersburgo no sábado, está a ser investigada pelas autoridades federais, segundo a imprensa russa. A causa já avançada, porém, foi de que se tratou de um acidente.

Os responsáveis do Mariinsky revelaram à imprensa que Shklyarov terá caído do quinto andar de um edifício de São Petersburgo, acrescentando que o bailarino estava ser medicado com analgésicos por causa de uma lesão. Teria uma cirurgia marcada para esta segunda-feira, segundo o diário britânico The Guardian.

“Trata-se de uma perda enorme, não só para a equipa do teatro, mas para todo o ballet contemporâneo”, disse o Teatro Mariinsky no seu comunicado.

Shklyarov era casado com a também bailarina da companhia Maria Shklyarova, com quem tinha dois filhos.

Vladimir Shklyarov nasceu em Leninegrado em 1985 (actual São Petersburgo) e estudou na famosa Academia de Ballet Russo de Vaganova, a escola associada ao Mariinsky, onde se licenciou em 2003. Foi nesse ano que ingressou no Mariinsky, tornando-se bailarino principal em 2011.

O seu repertório, numa carreira de mais de 20 anos, incluiu James em La Sylphide, o Duque Albrecht em Giselle, o Príncipe Désiré em A Bela Adormecida, o Príncipe Siegfried em O Lago dos Cisnes, Basílio em Dom Quixote e Romeu em Romeu e Julieta.

O bailarino actuou em locais de prestígio em todo o mundo, incluindo a Royal Opera House em Londres e a Metropolitan Opera em Nova Iorque. Em 2014 e 2015, participou como artista convidado no American Ballet Theatre, que emitiu um comunicado no domingo lamentando a “trágica perda de um artista extraordinário cuja graça e paixão inspiraram audiências em todo o mundo”, escreveu a companhia no Instagram. Em 2016, juntamente com a sua mulher, tirou uma licença sabática do Mariinsky e juntou-se durante um ano ao Bavarian State Ballet em Munique. Voltaria a São Petersburgo, mas a sua colaboração com Munique continuaria.

Shklyarov recebeu vários prémios durante o seu percurso artístico, incluindo o Prémio Internacional Léonide Massine em 2008. Foi também nomeado Artista de Honra da Rússia em 2020. “O seu nome ficou para sempre inscrito na história do ballet mundial”, declarou o Teatro Mariinsky, que lembrou esta última distinção no sábado, sem fazer referência à queda.

Em Março de 2022, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, Vladimir Shklyarov, segundo a BBC e a publicação Dance Australia, ambas citadas pela página dedicada ao bailarino na Wikipédia, terá expressado a sua frustração perante o conflito. “Sou contra qualquer guerra! . . . Não quero guerras nem fronteiras.”

Alguns bailarinos russos, segundo o Guardian, prestaram homenagem a Shklyarov, como Irina Baranovskaya, que considerou a sua morte “um acidente estúpido e insuportável” no canal Telegram. Baranovskaya disse que Shklyarov “saiu para a varanda para apanhar ar e fumar” e “perdeu o equilíbrio” na “varanda muito estreita”.

Notícia alterada às 15h40: corrige o apelido de Maria Shklyarova

Sugerir correcção
Ler 10 comentários