As aventuras dos vampiros das sombras de Staten Island estão a chegar ao fim

A sexta temporada de What We Do in the Shadows, a adaptação em versão sitcom do filme homónimo de 2014, é a derradeira da série. Começou em Outubro e acaba em Dezembro.

Foto
What We Do in the Shadows, talvez a melhor sitcom que nasce de um filme desde M*A*S*H DR
Ouça este artigo
00:00
03:56

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Existem alguns precedentes, mas não é expectável que a adaptação televisiva de um filme venha a resultar. O máximo que se pode esperar, regra geral, é ser razoavelmente decente. Arranjar uma forma de contar uma história com alguns pontos em comum ao longo de vários episódios e não contidas em duas horas. Não é o caso de What We Do in the Shadows, talvez a melhor sitcom que nasce de um filme desde M*A*S*H.

Em 2014, Jemaine Clement e Taika Waititi realizaram o filme O Que Fazemos nas Sombras, um falso documentário com esse nome centrado em vampiros antigos a viverem, no presente, num subúrbio de Welling, Nova Zelândia. Passados cinco anos, Clement, com a ajuda de Paul Simms, veterano das sitcoms que criou o clássico dos anos 1990 NewsRadio e trabalhou em Atlanta, adaptou-o em formato sitcom, centrado tudo em novas personagens, um grupo de vampiros a viverem em Staten Island, Nova Iorque – nem era o primeiro spin-off do filme, um ano antes, e até 2022 houve Wellington Paranormal.

Passadas seis temporadas, chega ao fim em Dezembro, quando for para o ar o derradeiro episódio da série, um original FX que nos chega a Portugal via Max enquanto está a ser exibido e depois pode ser visto na Disney+, onde estão disponíveis as primeiras épocas. A sexta temporada começou em Outubro, com episódios (11 ao todo, mais um do que nas levas de episódios anteriores) a saírem cá às quintas-feiras, dois dias após a estreia nos Estados Unidos.

É daquelas sitcoms em que há mudanças permanentes, mas o estilo mantém-se o mesmo: há uma equipa a filmar um documentário. E segue sempre os três vampiros principais, Nandor (Kayvan Novak), Laszlo (Matt Berry) e Nadja (Natasia Demetriou), que vivem com Colin Robinson (Mark Proksch), um vampiro de energia (ou seja, que suga a energia alheia dando secas às pessoas) e Guillermo (Harvey Guillén), o ex-familiar de Nandor (um humano que serve um vampiro sob a promessa de este um dia o transformar também num morto-vivo). São personagens extravagantes, não raras vezes estúpidas, confusas com muito do que é humano. Mas, dentro disso, há sempre histórias diferentes, muitas que transitam de episódio para episódio. Vai-se juntando uma personagem estranha, um acontecimento peculiar.

Em épocas anteriores da série, sempre feitas com uma noção apurada de histórias de vampiros e terror, de cultura pop e de comédia no geral, houve todo o tipo de actores convidados, nomes como Dave Bautista, Paul Reubens, Danny Trejo, Mark Hamill, Greta Lee, e até gente a fazer de si própria, como Wesley Snipes, Jim Jarmusch ou Sofia Coppola.

Nestes primeiros episódios têm aparecido cómicos representantes de várias tendências diferentes, como Mike O'Brien, ex-argumentista e, por breves momentos, membro do elenco de Saturday Night Live, além de criador da sitcom A.P. Bio, que faz de Jerry, o tal vampiro extra, Tim Heidecker, do duo Tim & Eric uma das vozes mais originais e influentes da comédia americana dos últimos 30 anos, ou a lenda da comédia britânica Steve Coogan, que faz do fantasma do pai de Laszlo. Matt Berry, que ganhou notoriedade internacional a dar vida a Laszlo, é, tal como os actores que fazem dos restantes vampiros protagonistas, compatriota de Coogan. Ambos foram figuras importantes da comédia do Reino Unido na viragem do milénio, ainda que apenas Coogan, popular desde o início dos anos 1990, seja uma grande estrela.

No início desta temporada, há um vampiro extra, que morava com os principais, mas esqueceram-se dele a dormir em 1976. Agora ele acorda e muda a dinâmica de toda a casa. Ao mesmo tempo, há uma criatura que Laszlo, tão dado à ciência quanto a actos sexuais, tenta criar, à moda do monstro de Frankenstein (do qual diz nunca ter ouvido falar). Guillermo começa a trabalhar na alta finança – onde se cruza com práticas e pessoas bem mais monstruosas do que gente que mata humanos para lhes sugar sangue –, e dois dos vampiros vão com ele, um pretexto para explorar uma das coisas que a série faz melhor: pôr estas figuras no aborrecido mundo real. Vai deixar muitas saudades.

Sugerir correcção
Comentar