IGAI abre inquérito a detenção de jovens que gritavam “fascismo nunca mais” em manifestação do Chega

Depois da investigação do PÚBLICO, a Inspecção-Geral da Administração Interna disse que abriu um inquérito aos polícias que detiveram dois jovens, mas deixaram escapar dois agressores.,

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A Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um processo de inquérito à detenção pela PSP de dois jovens durante a manifestação contra a imigração do Chega, no dia 29 de Setembro, depois de terem sido agredidos por dois homens a seguir a gritarem "fascismo nunca mais".

Em sequência de uma investigação do PÚBLICO, publicada a 3 de Novembro, a IGAI – a polícia das polícias, que monitoriza o comportamento das forças de segurança e abre inquéritos quando há indícios de abuso – afirmou que abriu este inquérito na quinta-feira.

O PÚBLICO já tinha contactado o gabinete da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, que referiu que não se iria pronunciar sobre um caso que está em investigação pelo Ministério Público e que nada havia a acrescentar.

Depois de dezenas de contactos e visionamento de imagens, o PÚBLICO mostrou que houve duas agressões por manifestantes do Chega a dois jovens que gritavam “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, ambas presenciadas pela PSP. No final, os jovens foram detidos e acusados de agressão e os agressores escaparam entre a manifestação. O primeiro agressor nunca foi identificado e o segundo, que será membro do 1143, foi identificado apenas dias depois. No seu comunicado sobre a ocorrência, baseado no auto de notícia, a PSP nunca mencionou a primeira agressão.

As duas agressões, contadas pelos jovens ao PÚBLICO, podem ser constatadas com imagens tiradas nesse dia e vídeos que mostram também a polícia a deixar escapar um dos agressores e a deter os dois jovens, com recurso à força. Os agentes terminaram a operação imobilizando os dois, formando um cordão policial com pelo menos nove polícias, levando-os de seguida para a esquadra.

No dia seguinte, a PSP divulgou um comunicado em que justificava que um dos jovens tinha sido detido por “ofensas à integridade física a polícias e resistência e coacção sobre funcionário”; o outro “por resistência e coacção sobre funcionário”. Os dois foram presentes a tribunal por causa destas acusações.

Além de omitir qualquer informação sobre a primeira agressão e de, mesmo a pedido do PÚBLICO, não explicar qual tinha sido a agressão dos jovens em concreto, o comunicado defendia que as imagens difundidas só teriam mostrado “parte desta ocorrência” e que esta “teve origem em provocações de manifestantes que não integravam a manifestação promovida pelo Chega, nomeadamente com arremesso de objectos em diversos momentos do cortejo e, em concreto, junto ao n.º 29 da Avenida Almirante Reis”.

Até ao momento, não há qualquer evidência de que os jovens tenham agredido alguém antes de serem agredidos pelos dois homens e depois detidos. Alguns manifestantes falaram de “provocações” da parte deles, mas não de agressões físicas.

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