Associação 25 de Abril não vai participar nas comemorações do 25 de Novembro

Instituição fundada pelos militares de Abril argumenta que comemorar o 25 de Novembro, mas não outros momentos-chave do pós-25 de Abril, é uma “deturpação” da História da construção da democracia.

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O Parlamento prepara-se para comemorar pela primeira vez numa sessão solene o 25 de Novembro de 1975 Rui Gaudêncio
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A Associação 25 de Abril decidiu não aceitar o convite para participar nas comemorações do 25 de Novembro de 1975, anunciou a instituição num comunicado enviado às redacções esta sexta-feira, 15 de Novembro. No documento, a associação defende que a celebração dessa data em exclusivo, e não de outros momentos-chave que marcaram a construção da democracia em Portugal após o 25 de Abril, “provoca uma enorme e clara deturpação dos acontecimentos vividos na caminhada para o cumprimento do programa do MFA [Movimento das Forças Armadas]”.

A História não pode ser deturpada, prossegue o comunicado, sublinhando: A História é a História, não pode ser deturpada ao sabor da vontade de qualquer conjuntural detentor do poder.

O argumento da Associação 25 de Abril para recusar o convite do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco​, é que nenhum dos acontecimentos posteriores ao dia 25 de Abril de 1974, incluindo a movimentação militar​ do dia 25 de Novembro do ano seguinte, se pode comparar ao ‘dia inicial, inteiro e limpo’ ou ao dia da Grândola, Vila Morena.

O 25 de Abril é o dia da Liberdade, da reconstrução da democracia e da paz, sublinha a associação. Todos os acontecimentos posteriores, que se caracterizaram por tentativas de impedir o caminho traçado pelo programa do MFA e dos seus valores, acabaram por ser vitórias do MFA e do povo, apesar do juízo que hoje se possa fazer sobre o caminho que foi seguido.

A Associação 25 de Abril acredita que as comemorações do 25 de Novembro decorrem de uma liberdade que também foi permitindo que os saudosos do passado se fossem aproveitando das oportunidades que o período revolucionário, o período de transição e o posterior período democrático e constitucional lhes foi proporcionando”. E criticam que há quem queira elevar a comemoração do 25 de Novembro de 1975 à dimensão (pelo menos a título oficial) do 25 de Abril de 1974.

A associação, fundada maioritariamente por militares de Abril,​ concorda que os momentos-chave da construção da democracia em Portugal sejam recordados e evocados — incluindo o 25 de Novembro, mas também datas como o 28 de Setembro de 1974, o 11 de Março de 1975 e o Golpe Palma Carlos. Nunca admitiremos que qualquer deles se sobreponha ou pretenda igualar à comemoração do 25 de Abril de 1974​​, escrevem.

É, pois, clara a posição da associação, concretiza a instituição em comunicado: é favorável a comemorar o 25 de Abril e o percurso que a sociedade portuguesa, de facto, efectuou nos anos posteriores e até a relembrar e evocar o 28 de Setembro, o 11 de Março e o 25 de Novembro. Mas exige que nessas evocações se não desvirtue o passado, se não deturpem os acontecimentos e se não procurem atingir, passados 50 anos, os objectivos que os inimigos do Programa do MFA e da Liberdade não conseguiram, na altura, alcançar”.

Esta será a primeira vez que o 25 de Novembro vai ser celebrado em sessão solene, semelhante à que comemora o 25 de Abril, na Assembleia da República. As celebrações passarão a ser anuais.

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