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Romance O Processo de Dulce de Souza Gonçalves vence Prémio Agustina Bessa-Luís

Entre Portugal, França e Brasil, a obra aborda “a ligação intrincada de um tempo presente com o contexto turbulento do regime ditatorial antes do 25 de Abril”.

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Prémio é no valor de 10 mil euros e garante a publicação pela Editorial Gradiva Manuel Roberto
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O romance O Processo, de Dulce de Souza Gonçalves, venceu a edição deste ano do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, no valor de 10 mil euros, garantindo a sua publicação através da Editorial Gradiva, anunciou esta sexta-feira a Estoril Sol.

Em acta, o júri, presidido por Guilherme d'Oliveira Martins, afirma tratar-se de "um romance centrado na memória histórica dos últimos anos da resistência à ditadura portuguesa e, ao mesmo tempo, de projecção dos traços culturais que asseguraram algumas das suas referências emblemáticas, nomeadamente as relacionadas com o fenómeno da emigração portuguesa para França, sobretudo durante os anos 1960".

"Nesse quadro irá evoluir a descrição de momentos (culturais e políticos) particularmente relevantes da comunidade lusa como, por exemplo, o fenómeno do Maio de 1968 em França, com as suas rebeldias poéticas e insubmissões criativas, e o da Capela do Rato, em Lisboa, em Dezembro de 1972", refere o júri.

A obra premiada "é um romance que apresenta uma assinalável segurança estilística e mesmo uma grande frescura literária no que diz respeito ao imaginário do Portugal contemporâneo, com os seus defeitos e as suas virtudes". Será publicada, de acordo com o regulamento, pela Editorial Gradiva, com a qual a Estoril Sol, que promove o galardão, mantém uma parceria desde 2008, quando foi criado este prémio.

Sobre o romance, a Estoril Sol adianta que a acção narrativa decorre entre Portugal, França e Brasil, e aborda "a ligação intrincada de um tempo presente com o contexto turbulento do regime ditatorial antes da Revolução de 25 de Abril de 1974". A história, lê-se no mesmo comunicado enviado à agência Lusa, "acompanha a jornada de uma sobrinha, movida por um pedido inesperado e o desejo de compreender as raízes da sua própria liberdade".

"Ao consultar o processo político do tio nos arquivos da Torre do Tombo, depara-se com pormenores inusitados da sua prisão e da sua relação com uma jovem francesa, cúmplice no amor e na resistência. A busca leva-a a encontrar a antiga namorada do tio, que, apesar de distante, partilha as marcas emocionais e históricas desse tempo", acrescentou a organização.

Além de Guilherme d'Oliveira Martins, o júri foi constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e, ainda, por José Carlos de Vasconcelos, Liberto Cruz e Ana Paula Laborinho, convidados a título individual, e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.

Dulce de Souza Gonçalves nasceu em Lisboa, em 1973, é doutorada em Psicologia da Educação, mestre em Literatura e Cultura Portuguesa e licenciada em Estudos Portugueses. Desempenha há 29 anos funções docentes, nos ensinos básico e secundário, segundo informação da Estoril Sol.

Autora de livros infanto-juvenis, foi finalista, em 2018, do Global Teacher Prize, que venceu em 2021. Em 2000 recebeu o Prémio Almirante Teixeira da Mota, atribuído pela Academia da Marinha, e é a fundadora da associação sem fins lucrativos Mentes Sorridentes.

"O meu grande sonho é que um dia tenhamos o mundo repleto de palavras mais felizes. Por isso, vou semeando, como professora e como escritora, nas escolas e nos lugares por onde passo, ideias coloridas que, às vezes, acompanhadas, até fazem o pino", afirmou a autora, citada no mesmo comunicado enviado à Lusa.