BPP: Ex-administrador Fezas Vital entrega-se para cumprir dois anos e meio de cadeia

Antigo banqueiro aguarda ainda o trânsito em julgado de outro processo em que também foi condenado.

Foto
Fezas Vital JOSE SENA GOULAO / LUSA
Ouça este artigo
00:00
02:09

O ex-administrador do Banco Privado Português (BPP) Salvador Fezas Vital deu esta quinta-feira entrada na cadeia da Carregueira, em Sintra, para cumprir uma pena de dois anos e seis meses pelo crime de burla qualificada.

Fonte ligada ao processo adiantou que Fezas Vital, acompanhado pela sua advogada, se entregou voluntariamente no estabelecimento prisional, não tendo sido sujeito a detenção nem a qualquer outra intervenção policial. A notícia foi inicialmente avançada pelo jornal Observador.

Fezas Vital aguarda ainda o trânsito em julgado de um outro processo relacionado com o banco BPP, em que foi condenado por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Em causa nesta pena de dois anos e seis meses está o processo em que, juntamente com o antigo fundador e administrador João Rendeiro e o também ex-administrador Paulo Guichard, foi sentenciado por burla qualificada no caso do embaixador jubilado Júlio Mascarenhas e obrigado a pagar solidariamente com os outros arguidos 225 mil euros por danos patrimoniais e 10 mil por danos morais ao diplomata.

Em 2008, o embaixador investiu 250 mil euros em obrigações do BPP, poucos meses antes de ser público que a instituição liderada por João Rendeiro estava numa situação grave e ter pedido um aval do Estado de 750 milhões de euros. Neste processo, com decisão em Setembro de 2021, Fezas Vital foi condenado pela prática de burla qualificada a uma pena de prisão efectiva de dois anos e meio. Paulo Guichard e Fezas Vital foram ainda condenados em Maio de 2021, noutro processo, a nove anos e meio de prisão, por fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais.

À semelhança do fundador do banco entretanto falecido, João Rendeiro, e outros ex-administradores do banco como Fernando Lima e Paulo Guichard - já a cumprir pena -, Fezas Vital foi condenado por crimes económico-financeiros ocorridos entre 2003 e 2008, na sequência de se terem atribuído prémios e apropriado de dinheiro do banco de forma indevida, num processo que levou à insolvência da instituição, a muitos lesados e à fuga à justiça de Rendeiro, que acabou por ser capturado pela Polícia Judiciária na África do Sul, onde acabou por morrer na prisão.