Estudantes brasileiros trazem a Portugal histórias africanas e indígenas não contadas

Grupo de 113 estudantes e 12 professores desembarca neste sexta-feira para um intercâmbio de 10 dias em Portugal, em que trocarão experiências de vida e culturais com jovens e docentes portugueses.

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Grupo que reúne 113 estudantes e 12 professores apresenta em Portugal um pouco da história do Brasil DIVULGAÇÃO
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A expectativa é enorme. Um grupo de 113 estudantes e 12 professores brasileiros entraram, em maioria, pela primeira vez em um avião e, também pela primeira vez, cruzaram o Oceano Atlântico. Eles desembarcam nesta sexta-feira (15/11) em Portugal por meio de um projeto de intercâmbio em que vão tratar, entre outros temas, das heranças africanas e indígenas nas escolas públicas. Os jovens e os docentes vêm de 12 cidades dos estados da Bahia, de Pernambuco e de São Paulo.

Todos foram selecionados para passar 10 dias em Lisboa por meio do projeto Era uma Vez...Brasil, que reconta a história do Brasil. Nas salas de aula, são apresentados pontos não mostrados nos livros didáticos, exaltando a importância dos povos africanos e indígenas na construção histórica do país. São destacadas vozes de protagonistas que, há anos, estão fora do ensino tradicional.

O programa, que chega à oitava edição, é voltado para estudantes e professores de história do oitavo ano da rede pública municipal de ensino. Neste ano, o recorte temático é Mais do que o Ipiranga: as independências de outros Brasis. Estão nessa jornada alunos e professores das cidades de João Ramalho, Lençóis Paulista, Macatuba, Quatá, Rancharia, Ribeirão Preto e Serrana, de São Paulo; Recife e Belo Jardim, de Pernambuco; e Salvador, Mata de São João e Jacobina, da Bahia.

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Estudantes em uma aldeia indígena da Bahia: muitos deles entraram pela primeira vez em um avião para a viagem a Portugal Divulgação

Diz Marici Vila, diretora executiva da Origem Produções, realizadora do projeto: “Muito esperada pelos alunos, a viagem é uma das etapas mais fundamentais do Era Uma Vez…Brasil. A possibilidade de vivenciar outro país, conhecer outra cultura, ver de perto um lado das suas origens, percorrendo caminhos que só viram nos livros e, principalmente, poder trocar experiências com outros jovens é algo muito marcante para os estudantes”.

Troca de experiências

Na avaliação de estudantes e docentes, o intercâmbio, muito mais do que uma viagem turística para a Europa, significa a continuidade de um processo pedagógico que teve início com o ano letivo das escolas e veio se desenvolvendo ao longo de todo o ano. Portanto, acrescenta Marici, a viagem coroa o processo de quatro etapas de um programa de atividades educativas, artísticas e culturais. Em Portugal, serão 10 dias vivenciando experiências, visitando museus, monumentos e locais emblemáticos de Lisboa, importantes para a história do Brasil, e discutindo o processo colonizatório.

Pelo programa, o grupo visitará escolas portuguesas. Os jovens terão a oportunidade de trocar informações diretamente com estudantes e professores portugueses sobre aspectos culturais regionais do Brasil. Os garotos brasileiros também apresentarão o que produziram durante as etapas do projeto: 28 curtas-metragens e um livro de 100 histórias em quadrinhos escritas e ilustradas por eles.

Desde a criação, há oito anos, o Era Uma vez…Brasil já beneficiou mais de 17,8 mil adolescentes de 487 escolas públicas de 32 municípios da Bahia, do Ceará, de Pernambuco, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 2024, mais de 4,8 mil estudantes se inscreveram todo o país para disputar um vaga. O projeto tem apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura, do Governo Federal e de empresas privadas.

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