Roxie, um panda vermelho de três meses, morreu no jardim zoológico de Edimburgo, na Escócia, a 5 de Novembro. Os veterinários da Sociedade Zoológica Real da Escócia (RZSS) acreditam que o stress causado pelo fogo de artifício lançado nessa noite terá feito com que Roxie se engasgasse no seu próprio vómito, lê-se numa nota publicada no site do zoo.
Ben Supple, diretor-executivo adjunto da RZSS, afirmou no mesmo texto que “a Roxie tinha acesso à sua toca, mas os ruídos assustadores parecem ter sido demasiado para ela". "Sabemos que o fogo-de-artifício pode causar stress a outros animais do jardim zoológico", acrescentou.
A mãe desta cria de panda vermelho, uma espécie ameaçada, faleceu cinco dias antes, e os veterinários acreditam que a sua morte precoce também possa ter sido causada pelo fogo-de-artifício que tem vindo a ser lançado na zona como parte das celebrações da Bonfire Night (Noite da Fogueira, em português).
A celebração assinala a tentativa falhada de um grupo de católicos de explodir a Câmara dos Lordes do Parlamento Inglês e matar o então rei protestante, na noite de 5 de Novembro de 1605, mas é comum as celebrações começarem alguns dias ou semanas antes desta data.
O jardim zoológico junta-se agora a organizações de bem-estar animal para pressionar os legisladores a adoptarem medidas que impeçam a venda de material pirotécnico ao público. "O fogo-de-artifício pode causar medo e stress aos animais de estimação, aos animais de criação e aos animais dos jardins zoológicos, pelo que é essencial que os governos do Reino Unido e da Escócia reforcem as restrições à sua venda e utilização", apelou Ben Supple.
Foi entregueao governo britânico uma petição com mais de um milhão de assinaturas que exige a restrição do uso de pirotecnia às festas tradicionais e a redução do nível máximo de decibéis.
De acordo com a legislação do Reino Unido, o fogo-de-artifício não pode ser utilizado entre as 23h e as 7h, excepto na Noite da Fogueira, na véspera de Ano Novo, no Diwali (festa religiosa hindu) e no Ano Novo Lunar. Na Escócia, o fogo-de-artifício privado só pode ser utilizado entre as 18h e as 23h horas e, desde 2022, as autoridades locais podem delimitar "zonas de controlo" nas cidades, onde é ilegal lançar fogo-de-artifício excepto no caso de espectáculos públicos organizados.
A cidade de Edimburgo aplicou esta legislação pela primeira vez este ano, entre os dias 1 e 10 de Novembro, mas as quatro zonas abrangidas não incluem a área em redor do jardim zoológico.
Em declarações ao The Guardian, Ben Supple afirmou que, embora as zonas de exclusão de fogo-de-artifício sejam um passo positivo, o ruído continua a ser motivo de preocupação, mesmo com um nível de decibéis reduzido. “O ruído dos fogos-de-artifício pode deslocar-se a grandes distâncias, o que significa que qualquer zona de exclusão em torno do jardim zoológico de Edimburgo teria de abranger a maior parte da cidade. Muitos dos animais do jardim zoológico também serão perturbados por ruídos a frequências mais baixas, mesmo que o nível de decibéis seja reduzido.”
Ao mesmo jornal, a ministra escocesa da Segurança Comunitária, Siobhian Brown, disse considerar o impacto nos animais uma “notícia triste”, mas afirmou que, embora compreendesse os apelos a uma proibição, a questão não era da competência do Governo escocês, salientado a existência das zonas de controlo. Siobhian Brown acrescentou ainda ter solicitado ao governo britânico uma reunião para discutir medidas adicionais.
Texto editado por Renata Monteiro