Chama-se Athena (a fazer lembrar a deusa grega da guerra e da sabedoria), é uma espécie de capacete e foi criado a pensar nos pacientes com cancro – e foi o vencedor internacional do prémio James Dyson de 2024, que reconhece as melhores invenções na área do design. Os vencedores foram conhecidos esta quarta-feira.
Este dispositivo que serve para arrefecer o couro cabeludo das pessoas que estão a fazer tratamentos de quimioterapia, com o objectivo de reduzir a queda de cabelo – e ainda é apenas um projecto. Com este reconhecimento, a engenheira Olivia Humphreys, que terminou o curso na Universidade de Limerick, na Irlanda, este ano, recebeu 30 mil libras (cerca de 36 mil euros) para continuar a desenvolver o protótipo.
A ideia surgiu-lhe depois do cancro da mama da mãe, diagnosticado em 2019. "A queda de cabelo era uma coisa que a preocupava", disse ao Irish Examiner.
Durante os tratamentos com quimioterapia, submeteu-se a um segundo tratamento para arrefecer o couro cabeludo para tentar evitar ou reduzir a perda de cabelo — um tratamento dispendioso e que nem todos os hospitais irlandeses oferecem. Foi aí que Olivia pensou que seria bom que chegasse a mais doentes: “Ao observar o quão importante este tratamento era para ela e os desafios que enfrentava, motivou-me a pesquisar esta área para melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, explica na página de apresentação do projecto.
Este dispositivo permite que “os pacientes passem menos tempo no hospital”, explica. Normalmente, pede-se que cheguem 30 minutos antes da infusão de quimioterapia para começar o processo de pré-arrefecimento; e é suposto passarem mais 90 minutos no arrefecimento pós-tratamento. “O dia da infusão [de quimioterapia] já é longo o suficiente”, reitera Olivia. Como este dispositivo é portátil, os doentes podem começar e terminar o processo de arrefecimento no caminho de e para o hospital.
Acrescenta: “Fui olhar para o tratamento da queda de cabelo e pensar como é que pode ser simplificado e tornado mais eficiente e como é que pode ser administrado a mais doentes”.
O capacete Athena funciona com uma bateria com uma vida útil de cerca de 3 horas e 30 minutos, o que permite a sua utilização fora dos hospitais e coisas tão simples como ir à casa de banho durante o tratamento.
Além disso, o capacete é produzido com “componentes termoeléctricos baratos, tornando-o mais acessível ao mercado consumidor”, ilustra. O elemento mais dispendioso é a bateria que serve para alimentar o módulo de controlo térmico do Athena: custa 115 euros.
Para que chegue às pessoas que precisam do Athena, ainda vai ser preciso uma “pesquisa extensa”, admite. Mas, por enquanto, Olivia Humphreys está feliz: já lhe abriu portas na Luminate Medical, empresa médica dedicada a reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia, com um estágio na área de investigação e desenvolvimento. Quer ver o Athena a ser testado clinicamente ainda este ano.
"O meu objectivo principal é avançar o mais depressa possível, para que esteja disponível no mercado e nas mãos dos que precisam dele", disse ao site Silicon Republic.
A edição deste ano dos James Dyson Awards contou com mais de 2000 participações. Flattie foi o projecto que ganhou a primeira edição portuguesa do prémio, da autoria de Gabriel Serra, aluno de doutoramento da Universidade de Aveiro. Também é um capacete (mas este é de cortiça) e o objectivo é promover uma mobilidade urbana mais segura.
Texto editado por Inês Chaíça