Todd Haynes vai ser o presidente do júri de Berlim

O autor de Longe do Paraíso e Carol presidirá à competição da 75.ª edição, a decorrer de 13 a 23 de Fevereiro.

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Realizador Todd Haynes (na fotografia, em Los Angeles, 2024) Michael Kovac/Getty Images
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Todd Haynes, o realizador de Longe do Paraíso e Carol, vai ser o presidente do júri da 75.ª edição do Festival de Cinema de Berlim. A notícia foi anunciada nesta quinta-feira pela organização da Berlinale, cuja nova directora, Tricia Tuttle, disse numa declaração previamente preparada tratar-se de um cineasta com uma obra "estilísticamente versátil mas ao mesmo tempo inconfundivelmente pessoal".

O realizador já viu quatro selecções em Cannes (Velvet Goldmine em 1998, Carol em 2015, Wonderstruck: O Museu das Maravilhas em 2017 e May December - Segredos de um Escândalo em 2023) e duas em Veneza (Longe do Paraíso em 2002 e I’m Not There - Não Estou Aí, que venceu o Prémio Especial do Júri em 2007), mas nunca esteve a concurso no festival alemão — embora a sua primeira longa-metragem, Veneno (1991), exibida fora de concurso, aí tenha recebido o prémio Teddy, atribuído à melhor longa-metragem de temática queer.

Inicialmente catalogado como parte do "New Queer Cinema" americano dos anos 1990, ao lado de realizadores como Tom Kalin ou Gregg Araki, Haynes provou ser um dos raros cineastas independentes da sua geração a manter a sua independência criativa e formal dentro do mainstream de Hollywood. Os seus momentos de glória continuam a ser Longe do Paraíso, homenagem aos melodramas de Douglas Sirk que recebeu quatro nomeações para os Óscares (com Julianne Moore a ser indigitada para melhor actriz), e Carol, adaptação de Patricia Highsmith com Cate Blanchett e Rooney Mara, ambas citadas entre as seis nomeações do filme para os prémios de Hollywood.

No entanto, Haynes, ele próprio, apenas recebeu uma nomeação (pelo argumento original de Longe do Paraíso), e mesmo quando Kate Winslet recebeu o Emmy de melhor actriz por Mildred Pierce (2011), a aclamada mini-série da HBO que Haynes dirigiu adaptando o romance de James M. Cain, o realizador (que dirigiu todos os episódios) não recebeu nenhuma nomeação. Como produtor, Haynes tem também estado ligado de muito perto à carreira de Kelly Reichardt, a quem produziu cinco filmes. O realizador esteve há poucos meses nas notícias devido ao abrupto abandono de Joaquin Phoenix de um projecto de temática gay que o próprio actor trouxera a Haynes e do qual desistiu poucos dias antes do início de rodagem.

De qualquer modo, trata-se de uma escolha forte para presidir ao primeiro júri do festival alemão sob o comando da programadora americana, que substituiu este ano a dupla Mariette Rissenbaek/Carlo Chatrian. A nova estrutura vê Tuttle acompanhada por dois co-directores de programação, a americana Jacqueline Lyanga e o austríaco Michael Stütz, que já dirigia desde 2019 (e continuará a dirigir) a secção Panorama.

A Berlinale, que decorrerá de 13 a 23 de Fevereiro, anunciara já para esta 75.ª edição a supressão da competição secundária Encounters, substituída por um concurso específico para primeiras obras de longa-metragem sob a designação Perspectives. Foi também já apresentada a retrospectiva desta edição, Wild, Weird, Bloody: German Genre Films of the ‘70s, com curadoria da Cinemateca Alemã, reunindo 15 filmes "selvagens, esquisitos e sangrentos" de género realizados nas Alemanhas Ocidental e Oriental durante a década de 1970.

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