Começa julgamento de voluntário da polícia que terá violado e assassinado médica na Índia

Corpo da médica foi encontrado numa sala de aula do Hospital Universitário RG Kar, em Calcutá. Polícia federal deteve um voluntário da polícia, que diz estar “completamente inocente”.

Foto
Médicos num dos protestos na sequência da morte de uma médica interna em Calcutá, na Índia RAJAT GUPTA / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:24

Um tribunal do estado de Bengala ocidental, no leste da Índia, iniciou na segunda-feira o julgamento de um voluntário da polícia acusado de violar e assassinar uma médica num hospital público, em Agosto, um caso que levantou novamente o problema da falta de segurança e violência sexual contra as mulheres na Índia.

O corpo da médica foi encontrado numa sala de aula do Hospital Universitário RG Kar, em Calcutá, capital do estado. A polícia federal deteve um voluntário da polícia, Sanjay Roy, suspeito de cometer os crimes. Depois de acusado, Roy disse que estava "completamente inocente" e que estava a ser incriminado, segundo noticiou a imprensa local.

O processo judicial reacendeu as críticas sobre o fraco desempenho da Índia em matéria de segurança das mulheres, apesar da introdução de leis mais rigorosas na sequência da violação em grupo e do assassínio de uma mulher num autocarro em Nova Deli, em 2012. O caso também veio revelar a falta de segurança dos hospitais públicos na Índia, já que muitos não dispõem de instalações básicas, incluindo câmaras de videovigilância e serviços de segurança.

Cerca de 128 testemunhas serão ouvidas durante o julgamento, disseram fontes judiciais à Reuters, com as audiências a realizarem-se diariamente, uma vez que as autoridades procuram acelerar o processo, que está a ter grande visibilidade. As audiências não serão abertas ao público.

Uma fonte, que falou sob condição de anonimato, disse que o pai da médica prestou depoimento na segunda-feira.

Para além de Roy, a polícia federal indiana declarou ter detido o responsável pela esquadra da polícia local e o superintendente do hospital por alegada adulteração de provas. Irregularidades no caso, como o facto de a morte ter sido inicialmente dada como suicídio, bem como a suspeita de envolvimento de mais do que uma pessoa no crime, desencadearam protestos entre os profissionais de saúde depois de o caso ter sido conhecido e aumentaram a pressão do público, dos tribunais e das principais agências de investigação.

A 17 de Agosto, a Associação Médica Indiana (IMA) iniciou uma greve geral de 24 horas, paralisando os serviços médicos não essenciais em todo o país, em protesto contra a violação e homicídio da médica.

A ministra-chefe de Bengala ocidental, Mamata Banerjee, reuniu-se com os manifestantes pouco depois e concordou com a maior parte das suas exigências. Os médicos, que aceitaram por fim à greve, disseram que iam acompanhar a situação e pressionar o governo local para que sejam feitas mudanças.