Federação dos Médicos diz que ministra não tem condições para continuar no cargo
Estrutura sindical aponta vários erros a Ana Paula Martins, como o facto de não ter aceitado negociar com o sindicato que marcou a greve às horas extraordinárias, a tempo de evitar as mortes.
A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) insistiu esta terça-feira que a ministra da Saúde não tem condições para continuar no cargo e pede a sua substituição, no dia em que Ana Paula Martins está no Parlamento a discutir a proposta de Orçamento de Estado para 2025 (OE2025) e em que PS e Chega já pediram a sua demissão devido aos problemas no INEM.
Em comunicado, a Fnam realça que a "par do caos instalado no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) pelo Ministério da Saúde, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem assistido a demissões de Conselhos de Administração das Unidades Locais de Saúde em catadupa, e nomeações de outras, sem explicação lógica".
"A discussão do Orçamento do Estado esta manhã é a demonstração, com a força dos números, que as sucessivas tragédias são o resultado das opções políticas da ministra da Saúde(...). Não existem condições para continuar no cargo", refere a nota.
A Fnam, que é liderada por Joana Bordalo e Sá, lembra que exigiu, há três meses, a "substituição da liderança do Ministério da Saúde por alguém que conseguisse servir o SNS, algo que agora é repetido por toda a sociedade, após a generalização dos conflitos, a ausência de respostas estruturais para recuperar o SNS e, mais recentemente, a gestão desastrosa do INEM, que culminou com a perda de 11 vidas".
"Defendemos uma gestão da saúde que siga um trilho democrático, participado, transparente e responsável, em que os cargos de direcção ou coordenação de natureza técnico-científica sejam por eleição interpares, em vez de nomeações políticas", destaca a Federação.
Na sexta-feira, a Fnam lamentou que tenham sido as diversas mortes na sequência de alegados atrasos nas chamadas de emergência a forçar o Governo a ouvir os técnicos de emergência pré-hospitalar.
Para a Fnam, a ministra da Saúde "poderia ter ouvido, a tempo e horas", o alerta dos profissionais da emergência pré-hospitalar sobre as insuficiências, bem como as soluções para a melhoria das suas condições de trabalho e acesso a serviços.
"A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que não negociava nada com o sindicato do sector, garante agora que vai negociar tudo, mas podia e devia ter demonstrado essa disponibilidade" a tempo de evitar as mortes, afirma, referindo-se à falta de resposta da tutela aos alertas dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que acabaram por entrar em greve às horas extraordinárias no dia 30, uma paralisação desconvocada na quinta-feira.
A ministra da Saúde visita esta terça-feira à tarde o INEM, seis dias depois das medidas de contingência para minimizar atrasos na resposta à população, um assunto que deverá também levar Ana Paula Martins a dar explicações no parlamento.
A visita de Ana Paula Martins à sede do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em Lisboa, está agendada para as 15h30.