Justiça russa condena médica a 5 anos e meio de prisão por criticar guerra na Ucrânia

Condenada reitera inocência e a sua defesa alega que foi discriminada por ter raízes ucranianas. Rússia tem encarcerado críticos da guerra.

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Rússia tem utilizado leis contra fake news para perseguir críticos da guerra NATIONAL POLICE OF UKRAINE HANDOUT / EPA
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Um tribunal russo condenou uma pediatra de 68 anos a cinco anos e meio de prisão depois de a mãe de um dos seus pacientes ter denunciado os seus comentários anti-guerra. Nadezhda Buyanova terá declarado que o marido da queixosa, um militar russo morto em combate na Ucrânia, era um "alvo legítimo" do país invadido, e que a Rússia era "culpada" pelo conflito.

Buyanova vai agora cumprir pena pelo crime de "disseminar informação falsa" sobre as operações militares russas na Ucrânia. Desde o início da invasão, a justiça russa tem usado de forma abusiva uma lei de criminalização de notícias falsas para silenciar e punir críticos da guerra.

Durante as alegações finais, Buyanova, que nasceu na Ucrânia mas reside há décadas na Rússia, reiterou a sua inocência, alegando não ter feito qualquer comentário sobre a guerra. Os seus advogados dizem que a médica é vítima de discriminação por ter raízes ucranianas.

Não há qualquer gravação das alegadas declarações de Buyanova, e a condenação baseou-se no testemunho da queixosa e do seu filho, de apenas sete anos.

Segundo uma sondagem citada pelo diário britânico The Guardian, cerca de 30% dos russos têm receio de expressar a sua opinião sobre a guerra na Ucrânia, mesmo entre familiares e amigos.

O caso de Buyanova suscitou a condenação de várias organizações de defesa dos direitos humanos, incluindo a Memorial, que lista agora a médica como uma prisioneira política.

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