Autarca de Amesterdão diz que adeptos israelitas sofreram perseguição anti-semita

Autoridades relacionam ataques com apelos à violência nas redes sociais. Após os distúrbios de segunda-feira, polícia alerta para a possibilidade de mais desacatos na cidade.

Foto
Manifestação pro-Palestina na praça Dam, em Amsterdão, a 10 de Novembro. ROBIN VAN LONKHUIJSEN / EPA
Ouça este artigo
00:00
03:00

A presidente da Câmara Municipal de Amesterdão atribuiu os ataques da semana passada, após o jogo de futebol entre o Ajax e os israelitas do Maccabi Telavive, a um "cocktail tóxico de anti-semitismo e hooliganismo". Numa reunião de emergência do Conselho Municipal de Amesterdão, Femke Halsema acrescentou que "foram cometidas injustiças contra os judeus" e "contra pessoas pertencentes a minorias que simpatizam com os palestinianos" na cidade dos Países Baixos.

"Os adeptos judeus israelitas eram convidados na nossa cidade e foram perseguidos e atacados com invocações anti-semitas nas redes sociais e nas ruas", afirmou Halsema sobre os confrontos descritos pelo primeiro-ministro do país, Dick Schoof, como tendo "origem imigrante". Mas os "amstellodammers (residentes de Amesterdão) também foram atacados por hooligans (adeptos violentos) do Maccabi que entoaram frases racistas e odiosas na nossa cidade", acrescentou.

Na noite de 7 para 8 de Novembro, após um jogo da Liga Europa entre o Ajax Amesterdão e o Maccabi Tel Aviv, os adeptos israelitas foram perseguidos e espancados nas ruas da capital holandesa. Segundo a polícia, os atacantes foram mobilizados por apelos nas redes sociais para agredirem judeus.

Os ataques, descritos como anti-semitas por Israel e pelas autoridades dos Países Baixos, provocaram 20 a 30 feridos, dos quais cinco foram hospitalizados, e provocaram indignação em muitas capitais ocidentais. Antes do jogo, registaram-se incidentes isolados, incluindo cânticos anti-árabes entoados pelos adeptos do Maccabi.

A polícia anunciou segunda-feira a detenção de cinco novos suspeitos: homens com idades compreendidas entre os 18 e os 37 anos, oriundos de Amesterdão ou de cidades vizinhas. Segundo a agência AP, quatro continuam detidos, enquanto o quinto foi libertado, mas continua a ser suspeito.

Anteriormente, a polícia tinha dito que quatro outros homens que tinham sido detidos na semana passada permaneceriam sob custódia enquanto a investigação prosseguia. Dois deles são menores, um de 16 e outro de 17 anos, de Amesterdão. Os outros dois homens são da capital e de uma cidade vizinha.

A polícia disse que identificou mais de 170 testemunhas e recolheu provas forenses de dezenas. Entretanto, Olivier Dutilh, da polícia de Amesterdão, alertou esta terça-feira para a possibilidade de mais tumultos na cidade, depois de dezenas de pessoas armadas com paus e petardos terem incendiado um eléctrico na segunda-feira à noite. O fogo na segunda-feira foi rapidamente extinto e as forças especiais evacuaram a praça.

As imagens divulgadas na Internet mostravam pessoas a danificar bens e a lançar foguetes, tendo mais tarde, um veículo da polícia sido incendiado numa rua próxima, existindo suspeitas de fogo posto. A polícia acrescentou que ainda não é claro quem iniciou os distúrbios e se estavam relacionados com o ocorrido da semana passada, avançando ter detido três suspeitos, e apelou a testemunhas, nomeadamente da agressão a um ciclista que foi espancado quando passava na zona. Num vídeo partilhado nas redes sociais, é possível ouvir alguns desordeiros a proferir insultos contra o povo judeu.