Mercedes com quase 50 anos arranca à primeira depois de horas submerso em Valência

Automóvel esteve debaixo de água durante horas numa garagem. Acontecimento gerou discussão nas redes sociais sobre a maior resistência dos automóveis mais antigos em relação aos mais recentes.

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O Mercedes-Benz W123 equivale ao actual Classe E e foi fabricado entre 1976 e 1985 Instagram @clubehojalata
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No meio da tempestade que abalou Valência, fenómeno conhecido como DANA, há uma história que está a chamar à atenção e a gerar debate nas redes sociais. Depois de ter estado horas submerso numa garagem, um Mercedes-Benz, com quase cinquenta anos, arrancou logo após a primeira tentativa.

Num vídeo publicado no Instagram foi levantada a discussão sobre a maior durabilidade e resistência dos automóveis mais antigos em relação aos mais recentes. Entre os comentários pode ler-se: "o antigo será sempre melhor que o novo", "de momento, estou só a ver carros clássicos a sobreviver à DANA" e "os clássicos mostram-nos que são indestrutíveis".

Contactado pelo PÚBLICO, o responsável pela Comunicação Corporativa da Mercedes-Benz em Espanha, Gonzalo Medem, afirma que a marca não pode tirar a conclusão de que os carros antigos são mais resistentes do que os actuais. O facto de se tratar de um automóvel com "menos sistemas eléctricos do que os mais recentes" pode ser a explicação para que este automóvel tenha arrancado à primeira depois de tamanha exposição à água. Afinal, enquanto a abertura de uma janela de um veículo novo depende de um chip, na época o sistema era essencialmente mecânico.

Outro motivo que pode estar na origem do arranque do veículo, na perspectiva do responsável da Mercedes-Benz, é a "qualidade de fabrico deste automóvel em todos os aspectos", dando o exemplo da protecção do motor que, embora tenha estado exposto a muita água, não deixou de funcionar. Mas, ressalve-se, isso não significa que, após ter estado debaixo de água, não existirão problemas escondidos.

Pedro Carvalheira, docente no Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra, considera muito difícil o automóvel ter continuado a funcionar, caso a água tenha ultrapassado o nível do capô. Na explicação do professor, este veículo deve ter entre quatro e cinco cilindros, existindo um que está sempre aberto e que acabaria por deixar entrar a água no motor. A única causa que pode explicar o fenómeno, ainda que seja improvável, seria o filtro do ar ser constituído por papel e ter retido a lama, evitando a sua passagem. No entanto, mesmo prevendo este cenário, explicou ao PÚBLICO, a água poderia entrar pelo escape.

Pedro Carvalheira acredita que os automóveis fabricados no período entre 1990 e 2000 são os os mais fiáveis de todos porque beneficiaram de uma melhoria nos seus materiais. Mas, ao contrário dos automóveis mais recentes, que para serem aceites necessitam de cumprir determinados padrões no que diz respeito às emissões de gases poluentes, os veículos da década de 1990 têm uma composição electrónica mínima, especialmente nos carros Diesel, o que reduz os riscos de avarias.

Este Mercedes-Benz W123 equivale ao actual Classe E e foi fabricado entre 1976 e 1985, tendo-se notabilizado pela sua durabilidade, que fez com que fosse, nas variantes a gasóleo, um dos predilectos para funcionar como táxi. Afinal, cumpria facilmente meio milhão de quilómetros sem quaisquer problemas.

Texto editado por Pedro Esteves

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