Ordem e sociedades médicas preparam um alerta para os perigos do “turismo bariátrico”

As cirurgias feitas fora do espaço comunitário, nomeadamente na Turquia, podem colocar em risco a própria vida das pessoas, nomeadamente porque não garantem acompanhamento pré e pós operatório.

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Muitos dos procedimentos cirúrgicos feitos no estrangeiro acabam por ter de ser corrigidos em Portugal Adriano Miranda (arquivo)
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A procura de tratamentos médicos no estrangeiro está a preocupar as organizações nacionais relacionadas com a obesidade e a medicina dentária, que já se pronunciaram ou estão a preparar-se para se pronunciar oficialmente sobre o tema e os riscos associados a este turismo de saúde.

O presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, José da Silva Nunes, explica que “está a ser preparado um statement sobre a questão do turismo bariátrico, para alertar as pessoas para os riscos, que incluem risco de vida, real e grave”, diz. A tomada de posição está a ser preparada em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas e a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, e deve estar pronta até ao final do ano.

Esta posição secunda a já assumida pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) sobre os tratamentos dentários feitos no estrangeiro, sobretudo em países extra-comunitários, ainda em Setembro do ano passado, em que aconselha os cidadãos a "recusarem a oferta de pacotes turísticos que prometem procedimentos milagrosos em tempo recorde”, explicando que há “aliciadores” a actuar no país, “prometendo dentes brancos, perfeitamente alinhados, em tempo recorde e a preços muito mais baratos do que nos países de origem”.

“Face aos casos crescentes de abcessos, infecções, tratamentos desnecessários e de qualidade duvidosa e outros problemas dentários registados em diferentes países europeus, em pessoas a quem lhes é prometido um determinado tratamento e acabam por sofrer intervenções inadequadas, como a colocação de coroas dentárias, a OMD considera fundamental que os cidadãos adoptem comportamentos preventivos e devidamente esclarecidos que ajudem a evitar riscos desnecessários”, alerta o documento.

Uma questão que também esteve no centro de uma tomada de posição sobre o mesmo tema, por parte do Conselho Europeu de Dentistas (CED), em Novembro de 2021, com este organismo a indicar que “razões financeiras podem levar os pacientes a procurar tratamento fora das fronteiras da União Europeia” e que essa tendência para receber um tratamento “extensivo mas rápido pode ameaçar a segurança dos pacientes”.

“Com o turismo dentário há, geralmente, muito pouco acompanhamento pré e pós-operatório, preventivo e de apoio, que é essencial para uma saúde oral de qualidade”, alertava na altura o CED, insistindo que os pacientes deveriam receber informação detalhada sobre tudo o que os espera, sobretudo quando estão em causa pacotes do que chamam de “turismo dentário”. “Tais ofertas podem incentivar os pacientes a procurar tratamentos desnecessários e podem mesmo levar a um sobretratamento”, alertam.

Este organismo defendia, por isso, que devem ser estabelecidas “regras claras […], que sigam linhas éticas e sejam aplicadas a todos os que publicitam serviços dentários”. Além disso, os pacientes devem receber “informação clara nos casos de tratamento dentário turístico, movido por fins comerciais” e deve ser garantido “o número apropriado de visitas” entre paciente e clínico, incluindo o “acompanhamento posterior do paciente” ao tratamento realizado.

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