Mary foi morta em 1974. ADN encontrado num gorro permitiu prender assassino 50 anos depois

Norte-americano de 84 anos é acusado de assassinar Mary Schlais. Terá dado boleia à jovem e, quando esta recusou “contacto sexual”, atacou-a com uma faca e deixou o seu corpo na beira da estrada.

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Durante 50 anos, detectives de diversas agências policiais receberam várias pistas mas não fizeram grandes avanços CRISTOBAL HERRERA / EPA
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Um norte-americano de 84 anos, residente no estado do Minnesota, foi acusado de assassinar uma jovem em 1974, num caso que estava arquivado há cinquenta anos e que uma amostra de ADN encontrada num gorro e uma nova metodologia de análises destas amostras permitiu resolver.

Mary Schlais foi encontrada morta num cruzamento no condado de Dunn, no estado Wisconsin, a 15 de Fevereiro de 1974, morte que a polícia local disse tratar-se de um homicídio, mas nunca conseguiu encontrar o culpado. Schlais vivia em Minneapolis, no Minnesota, e estaria a pedir boleia na estrada para ir até Chicago ver uma exposição de arte.

Os investigadores tinham poucas pistas para prosseguir a investigação a não ser um gorro encontrado perto do corpo, que continha alguns cabelos. Durante 50 anos, detectives de diversas agências policiais designados para o caso de homicídio receberam várias pistas e dicas e conduziram entrevistas, mas não fizeram grandes avanços já que não havia "nenhum suspeito viável identificado", segundo conta a CBS News.

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Fotografia de Jon Miller e da jovem que matou em 1974, Mary Schlais Dunn County Sheriff

As provas também foram examinadas e reexaminadas ao longo dos anos, mas só quando o Gabinete do Xerife do Condado de Dunn se uniu ao departamento de genealogia genética do Ramapo College, em Nova Jérsia é que a investigação ganhou novo fôlego.

Décadas depois da sua recolha, os investigadores utilizaram os cabelos para desenvolver um perfil do ADN do suspeito, mesmo sem a raiz dos cabelos, e, a partir daí, identificar possíveis parentes. Este processo levou-os à filha de Jon Miller e a equipa recolheu o perfil genético, que indicou que o cabelo do gorro pertencia ao seu pai biológico. Os investigadores dizem que o facto de Miller ter sido adoptado fez com que fosse mais difícil localizá-lo.

Através da genealogia genética, as autoridades policiais utilizam bancos de dados comerciais de ADN para encontrar correspondências familiares com o ADN de um suspeito, de uma vítima ou uma pessoa desaparecida. Este método combina genética forense, ou análise de ADN, com genealogia convencional, ou histórico familiar, para identificação humana.

Quando a polícia entrevistou Miller, na passada quinta-feira, o homem negou ter informações sobre o assassinato — mas quando foi confrontado com as provas de ADN acabou por confessar.

O octogenário disse que viu Schlais a pedir boleia na beira da estrada naquela noite e aceitou que a jovem entrasse no seu carro, de acordo com a queixa criminal da detenção citada pela CBS News. Depois de ir arrancar, começou a pedir "contacto sexual" à jovem. Quando esta recusou, Miller sacou de uma faca e começou a esfaqueá-la nas costas enquanto Schlais se tentava defender.

Jon Miller parou o carro e começou a tentar esconder o corpo da jovem, mas entrou em pânico quando um veículo passou perto do local e fugiu — deixando para trás o gorro que o incriminaria cinco décadas depois.

“Tive dificuldade em controlar o meu entusiasmo. Trabalho aqui há 35 anos e em todos esses 35 anos falamos deste caso. É uma grande vitória para nós", disse à CBS o xerife Kevin Bygd. “A polícia pode gastar milhares e milhares de dólares a enviar amostras de ADN para laboratórios privados. Nós conseguimos que uma faculdade estivesse disposta a ajudar neste processo”, disse.

Don Schlais, de 79 anos, disse ao canal norte-americano que nunca pensou que viveria para ver o dia em que seria feita justiça pela morte da sua irmã, que se tinha formado em arte na Universidade do Minnesota e que estava em processo de candidatura a uma pós-graduação. "É simplesmente surreal. Não esperava isto depois de tanto tempo", disse.

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