No Arizona, onde Trump venceu, Partido Democrata mantém lugar no Senado

Ruben Gallego, próximo da ala progressista do Partido Democrata, derrotou a republicana Kari Lake, uma candidata apoiada por Trump que ainda não reconheceu uma outra derrota eleitoral, em 2022.

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Ruben Gallego substitui no cargo Kyrsten Sinema, uma senadora eleita pelo Partido Democrata em 2018 e que se tornou independente ALLISON DINNER / EPA
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No meio de uma derrota traumática na eleição presidencial de terça-feira nos Estados Unidos, o Partido Democrata parece ter conseguido salvar, a muito custo, um lugar importante nas eleições para o Senado, onde o Partido Republicano irá estar em maioria nos próximos dois anos.

No Arizona, onde Trump foi declarado, neste domingo, vencedor da corrida presidencial contra a sua adversária do Partido Democrata, Kamala Harris, Ruben Gallego venceu a eleição para um lugar no Senado, derrotando a republicana Kari Lake.

Se a única eleição ainda em aberto, na Pensilvânia, favorecer o republicano Dave McCormick — como é expectável —, o Partido Republicano ficará em maioria no Senado com 53 senadores, contra 47 do Partido Democrata. A reversão do equilíbrio de forças no Senado, depois de dois anos de maioria do Partido Democrata (51-49), é uma vitória clara dos republicanos, mas o lugar que estava em disputa no Arizona tinha uma importância acrescida.

Esse lugar ainda pertence, até ao arranque da próxima sessão legislativa (a 3 de Janeiro de 2025), a Kyrsten Sinema, uma senadora que foi eleita em 2018 pelo Partido Democrata e que, entretanto, se tornou independente.

Sinema, de 48 anos, era uma das figuras mais conservadoras da bancada democrata no Senado e desvinculou-se do partido em rota de colisão com a ala progressista. Já este ano, anunciou que não iria concorrer à sua reeleição, o que permitiu ao Partido Democrata promover um candidato menos conservador e mais leal ao programa do partido.

Essa tarefa coube a Gallego, de 44 anos, um congressista que foi eleito pela primeira vez para a Câmara dos Representantes em 2014, e que agora irá subir ao Senado em representação do Arizona.

Segundo o site Decision Desk HQ, a vantagem de 45 mil votos que Gallego tem sobre Lake — uma republicana apoiada por Trump que continua a não reconhecer uma outra derrota eleitoral, em 2022, para governadora do Arizona — já não é reversível, pelo que o candidato do Partido Democrata foi declarado o vencedor da corrida.

Ao contrário de Sinema — que fazia, com o senador da Virgínia Ocidental, Joe Manchin, uma dupla conservadora do Partido Democrata no Senado, onde travaram várias reformas exigidas pelos progressistas —, Gallego fez parte da bancada dos progressistas no Congresso, embora tenha sido obrigado a moderar as suas posições em relação à imigração durante a actual campanha, num estado que está na fronteira com o México.

Com a eleição de Gallego, o Partido Democrata passa a contar com um senador que dificilmente não irá alinhar com a estratégia dos seus líderes sempre que houver uma oportunidade para bloquear a maioria republicana, ao contrário do que acontecia com Sinema.

Isto pode ser importante na votação de uma proposta da maioria que conte com alguns votos contra no Partido Republicano, o que aconteceu algumas vezes na sessão de 2017-2019, durante a primeira Administração Trump — se isso voltar a acontecer, Sinema já não estará no Senado para baralhar as contas do Partido Democrata.

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