Bombeiros de Pombal confirmam dois mortos após ocorrências sem resposta do INEM
A greve às horas extras já foi levantada, mas continuam a surgir notícias de mortes associadas aos atrasos do INEM, sobretudo na segunda-feira, em que àquela se somou a greve da função pública.
Os Bombeiros Voluntários de Pombal foram chamados, na segunda-feira, para duas ocorrências que não terão tido resposta do INEM e em que acabaram por morrer dois homens, de 53 e 90 anos, revelou este sábado o segundo-comandante daquela corporação, João Carlos.
“Em ambas as chamadas os contactantes ligaram para a central dos Bombeiros de Pombal a solicitar ajuda, indicando que já teriam ligado para o 112 e que não teriam sido atendidos pela emergência médica”, referiu João Carlos.
Em declarações à agência Lusa, o segundo-comandante dos Bombeiros Voluntários de Pombal explicou que nas duas situações fizeram sair o meio de socorro e prestaram auxílio às vítimas que se encontravam em paragem cardiorrespiratória.
“Foi solicitado o apoio do Centro de Orientação de Doentes Urgentes, que disponibilizou uma viatura médica do Hospital de Leiria e [o] óbito foi declarado no local pelo médico da VMER [viatura médica de emergência e reanimação]”, acrescentou.
As duas situações, que elevam para pelo menos nove o número de mortos após contacto infrutífero com o INEM, ocorreram na segunda-feira, a primeira referente a um homem de 53 anos, na localidade de Grilos; e a segunda, já durante a tarde, referente a um homem de 90 anos na localidade de Arnal, no concelho de Pombal, distrito de Leiria.
De acordo com o segundo-comandante dos Bombeiros de Pombal, qualquer pedido de ajuda dirigido à corporação “é e será sempre respondido no imediato”.
“Em caso de emergência, as pessoas devem ligar 112 e no caso da emergência médica a chamada será encaminhada para os centros de Orientação de Doentes Urgentes. No entanto, os bombeiros têm instituído que, para que não se atrase o socorro à população, a norma seja sair no imediato e depois validar”, informou.
Nos casos de Grilos e Arnal, “os dois contactantes deram a informação que já tinham ligado para o 112” e que, em ambas as situações, “o CODU não teria atendido, ultrapassando o tempo que as pessoas acharam normal”.
“A única diferença que há na segunda situação, a referente ao idosos de 90 anos, é que a pessoa que ligou para os Bombeiros ficou com a sensação de que a ambulância [dos Bombeiros Voluntários de Pombal] só saiu depois de ligarem uma segunda vez, mas isso é errado: a ambulância já estava a caminho”, esclareceu.
Contactado pela Lusa, o presidente da União de Freguesias de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze, à qual pertence a localidade de Arnal, Manuel Matos, lamentou a morte do idoso e o facto de os serviços de auxílio “não terem funcionado”.
“De Pombal a Arnal são cerca de 20 minutos e de Arnal a Leiria uma meia hora. O que me foi dito por um familiar é que demorou muito tempo para chegar uma ambulância do INEM e que acabaram por chamar os bombeiros”, disse Manuel Matos.
Sobre o caso em Grilos, que também pertence à união de freguesias a que preside, disse não ter tido conhecimento.
A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) abriu um inquérito aos casos de mortes noticiados nos últimos dias por alegados atrasos no atendimento do INEM.
As falhas ou atrasos na resposta do serviço 112 e no encaminhamento para os CODU, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), devido à greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar têm suscitado forte polémica e poderão ter levado à morte de pelo menos nove pessoas.
O Presidente da República insistiu na sexta-feira que é preciso soluções rápidas para os problemas no INEM e recusou comentar se a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, tem condições para se manter no cargo.