Drones vão transportar remédios, exames, mercadorias e refeições em Portugal

Com certificação europeia aprovada, a empresa brasileira Speedbird, com sede em Matosinhos, quer construir uma fábrica de drones em território português.

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Mercadorias vão chegar muito mais rápido aos clientes por meio de drones Divulgação
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O transporte de mercadorias, materiais biológicos, medicamentos e refeições vai mudar radicalmente em Portugal e, em breve, na Europa. É o que aposta a empresa brasileira de drones Speedbird Aero, que se instalou em Matosinhos, Norte do país. Um dos seus projetos da companhia é construir uma fábrica desses equipamentos em território português.

Com certificação tanto no Brasil quanto na Europa por parte das respectivas agências de aviação civil, os drones estão autorizados a operar com logística de entregas de produtos em pontos previamente determinados pelos clientes. As informações são do presidente da Speedbird, o luso-brasileiro Manoel Coelho, que está em entendimentos com câmaras municipais de Portugal para a escolha do terreno em que será implantada a fábrica.

Até o momento, a empresa realizou mais de 30 mil entregas comerciais em todo o mundo, em ambientes urbanos, em áreas de difícil acesso e até no mar. “Nós entregamos hoje para a indústria médica materiais biológicos contaminantes, amostras de sangue e de cabelo, transportamos alimentos e coletamos água em tempo real para análise”, informa o dirigente.

Para determinadas operações, o nível de entrega é ainda mais complexo, como o de amostras de combustível. “Transportamos em operações ship-to-shore, ou seja, entre o navio e os portos, amostras de óleo e outros elementos, ao invés de, necessariamente, a embarcação ter de se aproximar do ancoradouro, com os parâmetros de sustentabilidade necessários”, detalha.

Segundo Manoel Coelho, os drones também fazem entregas de comida adquirida por meio de aplicativos. Ele se orgulha em afirmar que tem “as rotas mais antigas do mundo de delivery de comida, com mais de três anos de atividade”.

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O empresário Manoel Coelho, na Speedbird, em Matosinhos Angela Frigotto

As operações com variados tipos de drone podem levar, por exemplo, até 12 quilos de carga. No Brasil a empresa estabeleceu o limite de 6,5 quilos, o mesmo a ser praticado em Portugal, para evitar riscos de extravio e para a segurança da aérea. Em relação aos serviços de entregas de e-commerce, por exemplo, 75% das cargas têm até cinco quilos.

O empresário diz que, após a implantação da fábrica em Portugal, quando a Speedbird estiver em pleno funcionamento, as autorizações obtidas para os drones “colocarão a empresa à frente no mercado de entregas”. Ele destaca, por exemplo, as certificações para transporte de materiais biológicos contaminantes, “o que a torna mais do que simplesmente uma empresa de drone delivery, mas um desenvolvedor de aeronaves específicas para esse tipo de serviço”.

Além de desenvolver aeronaves, a Speedbird realiza pesquisas e vai montar um novo centro de operações em território lusitano. Coelho afirma que pretende transformar sua empresa “em um hub, que vai atender o mercado europeu na questão operacional”, com bastante amplitude de atuação.

Investimento

Conforme Manoel Coelho, no próximo ano, a companhia consolidará a captação de 15 milhões de euros (R$ 93 milhões) para desenvolver o centro de operações que visa atender a Europa. “A partir do que fizemos no Canadá, nos Estados Unidos, no próprio Brasil e na América Latina, o crescimento tem sido muito acentuado”, descreve.

Ele ressalta que a central de controle em Portugal “é o ponto de suporte e de operações para atender toda a Europa”, além do Oriente Médio e da África. Outros países já atendidos pela empresa incluem Israel, Suécia, Reino Unido, Singapura e, em breve, Quênia.

A diretora de Estratégia da Speedbird Europe, Verusca Dias, explica que uma das razões para escolha de Portugal pela empresa é a conexão com os países de língua portuguesa, além da inserção na Europa, o que permite promover ainda mais a internacionalização do projeto.

A executiva vivia na Alemanha, onde integrava uma das maiores empresas de consultoria do mundo, em que era responsável pela área de drones. O conhecimento dela foi indispensável para, segundo Manoel Coelho, "o entendimento do mercado emergente dos drones na Europa".

Verusca conta que a empresa tem atualmente a maturidade operacional para realizar operações de entregas com drones, ultrapassando os níveis de risco. “Esse é o maior diferencial para o negócio, pois oferece a capacidade de ganhar escala. Então, estar hoje em Portugal dá a Speedbird Aero o poder de ter a solução amadurecida para os diversos mercados”, salienta.

De acordo com a diretora, para evitar qualquer tipo de contaminação em atividades mais sensíveis, como captação de água para análise, “a empresa possui uma versão de drone adaptado ao ambiente". Ela cita como uma das possibilidades o equipamento acoplado a um guincho e uma sonda para a verificação da qualidade de água em tempo real.

Eloísa Rios, diretora comercial da companhia, desenvolveu, em Portugal, a rede de parcerias globais da empresa, com alianças estratégicas, tecnológicas e comerciais. Ela destaca, por exemplo, a instalação da Speedbird em Israel. “Nós operamos em Israel há mais de três anos, cuja parceria rendeu importante contribuição ao desenvolvimento de drones com a tecnologia mais avançada do planeta”, sublinha.

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