Venezuela pede à Interpol “alerta vermelho” para mandado de detenção de González
O procurador-geral acusa o adversário de Maduro de dez crimes contra o Estado. Edmundo González diz que vai continuar a trabalhar no exterior para que “a vontade do povo seja reconhecida”.
O Ministério Público venezuelano comunicou à Interpol um mandado de detenção com “alerta vermelho” contra Edmundo González Urrutia, o principal adversário de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de Julho, cujos resultados oficiais contesta e que está exilado em Espanha desde 8 de Setembro.
A notícia foi avançada pelo próprio candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD) na rede social X, na quinta-feira, em que divulga o ofício do Ministério Público, este datado de 24 de Outubro. Nesse documento constam dez acusações contra o autoproclamado Presidente eleito da Venezuela, Edmundo González, de crimes contra o Estado: usurpação de funções, falsificação de documento público, instigação à desobediência, conspiração, desconhecimento das instituições do Estado, cumplicidade no recurso a actos de violência contra a paz pública, difusão de informação falsa sobre resultados eleitorais de forma a causar ansiedade entre a população, sabotagem, associação e branqueamento de capitais.
“É evidente que este novo e sistemático ataque se deve ao nosso trabalho no exterior”, escreve, acrescentando que vai continuar a lutar pelo reconhecimento da sua vitória: “Estamos a levar a mensagem, sobre o indiscutível triunfo do desejo de mudança dos venezuelanos, as violações de direitos e as próximas acções, a todas as instâncias decisórias do mundo. A vontade do povo venezuelano não só é reconhecida por todos, mas também será respeitada. Nós estamos a trabalhar para que assim seja.”
O Governo de Nicolás Maduro deixou Edmundo González sair do país “no interesse da paz e da tranquilidade política do país”, como escreveu a vice-presidente executiva, Delcy Rodríguez, no Instagram, mas terá colocado como condição que o antigo diplomata não prosseguisse com a luta política a partir do exílio, fazendo-o assinar uma declaração nesse sentido, conforme então foi noticiado.
O procurador-geral da Venezuela chegou a anunciar que iria gerir com o seu representante legal o encerramento do processo para o qual tinha ordenado a sua captura, mas tal acabou por não acontecer. Em Espanha, Edmundo González tem-se reunido com autoridades de vários países e reitera que irá tomar posse a 10 de Janeiro.
“Temos toda a intenção de nos apresentar à tomada de posse no dia 10 de Janeiro, será em Caracas e estaremos acompanhados pela maioria do povo venezuelano e por boa parte da comunidade internacional, com quem conversámos, e que manifestaram todo o seu apoio nesta data”, disse González há poucos dias, citado pelo El País.
Em resposta a estas declarações, o número dois de Nicolás Maduro e ministro do Interior, Diosdado Cabello, afirmou no seu programa semanal de televisão: “Estou a polir as algemas...”