Segunda-feira foi o dia com menos chamadas de emergência atendidas pelo INEM desde 2018

Na última segunda-feira, os técnicos de emergência pré-hospitalar atenderam 2510 chamadas de emergência. A média diária dos últimos dois anos foi sempre superior a quatro mil.

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Centros de Orientação de Doentes Urgentes do INEM apenas conseguiram atender 2510 chamadas de emergência na passada segunda-feira Paulo Pimenta
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A última segunda-feira, 4 de Novembro, foi o dia com menor número de chamadas de emergência atendidas pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM pelo menos desde 2018, último ano com dados divulgados no site do instituto. Nesse dia foram atendidas apenas 2510 chamadas de emergência. Nem mesmo durante os anos da pandemia de covid-19 há registo de um dia com um número tão reduzido de pedidos de socorro atendidos.

Quando alguém liga para o 112 a chamada é recebida, primeiro, pelos centros operacionais geridos pela PSP que reencaminham para os quatro CODU do INEM no continente todas as que estão relacionadas com saúde, competindo aos técnicos de emergência pré-hospitalar destes centros avaliar com a maior rapidez possível os pedidos de socorro para accionar os recursos adequados.

Nos últimos dias, porém, juntaram-se as condições para a tempestade perfeita. O problema, crónico, do défice expressivo de técnicos de emergência pré-hospitalar - que na semana passada tinham começado uma greve às horas extraordinárias reclamando a revisão da carreira e aumentos salariais - agudizaram-se logo no início do fim-de-semana prolongado. No feriado de 1 de Novembro, os constrangimentos no atendimento na linha 112 terão culminado na morte de duas pessoas, mas foi na segunda-feira, dia 4, que o cenário se agravou, devido à coincidência da greve às horas extraordinárias com a paralisação convocada para toda a função pública. Só nesse dia terão ocorrido mais cinco casos fatais, por alegada demora no atendimento nos CODU. A greve obrigou ainda à paragem de 46 meios de socorro.

Somando as situações noticiadas, são sete os casos fatais que coincidiram com a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, esta quinta-feira cancelada após a reunião do sindicato que os representa com a ministra da Saúde. O último caso fatal foi o de um idoso, em Ansião, cujos familiares estiveram na segunda-feira 35 minutos à espera do atendimento do 112.

“Não me lembro de um dia tão mau. Durante a pandemia houve uma diminuição significativa das chamadas atendidas, mas nem nessa altura se atenderam tão poucas chamadas”, afirma um profissional do INEM que pediu para não ser identificado.

Para se ter uma ideia da dimensão dos constrangimentos vividos na passada segunda-feira basta olhar para as médias de atendimentos diários nos CODU, que têm sempre vindo aumentar, exceptuando os anos atípicos da pandemia.

Em 2023 e 2022, de acordo com o último relatório anual do INEM, o número médio de chamadas de emergência atendidas por dia nos CODU ascendeu a 4149 e 4185, respectivamente. Com a pandemia, em 2020 a média diária diminuiu de forma assinalável mas ainda assim chegou a 3576. Olhando para os dados à lupa, dia a dia, em cada um dos últimos oito anos, constata-se que pelo menos desde 2018 não há registo de um dia com tão poucas chamadas atendidas como a última segunda-feira, que suplantou mesmo os recordes ocorridos em 21 de Fevereiro de 2021 (2650) e 29 de Abril de 2020 (2683).

O INEM já prometeu que vai investigar os casos noticiados e o seu presidente, Sérgio Janeiro, admitiu que o dia de segunda-feira foi “particularmente difícil”, com “atrasos muito significativos no período da manhã”, assumindo que o instituto tem cerca de metade dos meios de que necessita para poder assegurar de forma adequada o atendimento.

Esta quinta-feira a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) abriu também um processo de inquérito às situações noticiadas nos últimos dias.

O INEM recomendou entretanto aos cidadãos que não desliguem as chamadas até estas serem atendidas e adiantou que haverá um reforço do Sistema Integrado de Emergência Médica com dez ambulâncias de socorro distribuídas por postos de emergências em corporações de bombeiros e delegações da Cruz Vermelha.

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