Miguel Prata Roque é candidato à sucessão de Ricardo Leão em Lisboa
Prata Roque promete “rasgo, visão estratégica e abertura ao exterior” e “conquistar para a intervenção cívica tanta gente boa criativa” que tem estado afastada da vida partidária.
O professor de Direito e comentador Miguel Prata Roque vai candidatar-se à presidência da FAUL nas eleições que deverão ser marcadas na sequência da demissão de Ricardo Leão, o presidente da Câmara de Loures envolvido na polémica da aprovação da moção do Chega para "despejos" de envolvidos nos tumultos, que se demitiu na quarta-feira.
Prata Roque, professor de Direito e comentador político na SIC-Notícias, apoiou Pedro Nuno Santos na disputa interna.
Em declarações ao PÚBLICO, Prata Roque afirmou que “mais do que discutir incidentes infelizes, torna-se fundamental que o Partido Socialista em Lisboa honre a sua história e saiba liderar o debate democrático em torno dos problemas que mais afligem, hoje, as pessoas reais”.
Miguel Prata Roque defende que “é preciso rasgo, visão estratégica e abertura ao exterior” e “conquistar para a intervenção cívica tanta gente boa e criativa que tem estado afastada da vida política e partidária”.
Ao PÚBLICO, afirma aguardar as decisões dos órgãos do partido, mas a decisão de avançar já está tomada. “Quando forem marcadas as eleições para a Federação da Área Urbana de Lisboa apresentarei e assumirei a representação das ideias de tanta gente que me tem transmitido a vontade de contribuir para transformar a acção prática do PS e, principalmente, a vida daqueles para quem a acção política deve servir, as pessoas”, disse ao PÚBLICO.
Pedro Pinto, o candidato "natural"
O actual presidente interino da Federação da Área Urbana de Lisboa, Pedro Pinto, também se deverá candidatar. Miguel Costa Matos, o líder da Juventude Socialista que foi um dos autores da moção de candidatura de Ricardo Leão à FAUL, diz ao PÚBLICO: "Tenho muita admiração e respeito pelo Pedro Pinto. Se ele se candidatar, terá o meu apoio."
A candidatura de Pedro Pinto é uma solução de continuidade, uma vez que faz parte do núcleo duro de Duarte Cordeiro, que já foi presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa. Pinto era agora vice-presidente de Ricardo Leão. A hipótese de Pedro Pinto suceder a Ricardo Leão sem eleições chegou a ser equacionada pelo PS.
Eurico Brilhante Dias, o ex-líder parlamentar do PS (que apoiou José Luís Carneiro no confronto interno do PS), diz ao PÚBLICO que, nestas eleições da FAUL, espera "um saudável confronto entre propostas alternativas. O unanimismo de conveniência neste momento não serve o partido". "É importante que as pessoas com liberdade, dentro do partido da liberdade, apresentem propostas diferentes que só irá robustecer a proposta política do PS quando estamos a um ano das autárquicas", acrescentou.
Tendo sido o braço-direito de Ricardo Leão e de Duarte Cordeiro, que controlaram o aparelho do PS de Lisboa nos últimos tempos, Pedro Pinto parte em vantagem relativamente a Miguel Prata Roque. Esta quinta-feira, os presidentes das concelhias do PS da Área Urbana de Lisboa escreveram uma carta conjunta a apoiar o presidente da Câmara de Loures, afirmando que é "humanista e solidário" e que os acontecimentos na sequência da aprovação da moção do Chega, relativamente aos quais não tomam posição explícita, não devem "manchar um percurso cívico, político e associativo relevante e legitimado".
A demissão de Alexandra Leitão
A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, demitiu-se do seu cargo na comissão política da Federação da Área Urbana de Lisboa na terça-feira, antes de Ricardo Leão apresentar publicamente a sua renúncia ao cargo. A notícia foi avançada pelo Observador e confirmada pelo PÚBLICO junto de fontes da direcção do PS. O PÚBLICO tentou contactar Alexandra Leitão para perceber as razões da demissão de uma estrutura da qual Ricardo Leão ainda era líder, mas a chefe da bancada parlamentar do PS não respondeu às mensagens escritas.
Alexandra Leitão foi uma das (poucas) vozes a contestar a aprovação, pelo presidente da Câmara de Loures, da proposta do Chega que visava o despejo de habitantes das casas municipais que tivessem participado nos tumultos que se seguiram ao assassinato de Odair Moniz por um polícia. Leitão nunca fez um ataque directo ao autarca de Loures mas, tanto na rede social X como no programa "O Princípio da Incerteza" no qual participa, explicou como a proposta era inconstitucional. Além de Alexandra Leitão, as maiores críticas à proposta vieram da deputada Isabel Moreira, que faz parte do secretariado, do antigo líder parlamentar Eurico Brilhante Dias, do deputado Filipe Neto Brandão e de Miguel Prata Roque, que agora se candidata a presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS.