António Vitorino admite pensar numa candidatura a Belém

“Ainda não é o tempo.” Foi assim que Vitorino respondeu na RTP à pergunta sobre se será ou não candidato a Presidente da República.

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Na véspera das legislativas, António Vitorino participou num comício do PS Daniel Rocha
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O socialista António Vitorino não afastou na noite de quarta-feira a hipótese de vir a ser candidato a Presidente da República nas eleições de 2026.

No programa Grande Entrevista, da RTP3, o antigo ministro de António Guterres foi curiosamente enigmático e não fechou portas. Confrontado com a pergunta, respondeu: “Ainda não é o tempo.” E depois: “Eu não digo nem que sim nem que não. Digo que este não é o momento para estarmos a falar da questão da eleição presidencial.”

Mas António Vitorino, recentemente nomeado pelo Governo para presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo, foi mais longe e fez uma espécie de perfil do que deve ser um candidato presidencial.

“O país exige uma grande coesão política, porque está, de facto, a assistir a um período de fragmentação partidária e de debilidade do poder executivo”, disse Vitorino, recordando, no contexto das presidenciais, o seu papel na revisão constitucional de 1982. “A única coisa que eu assumo é a minha responsabilidade histórica de ter participado na revisão constitucional de 1982 que concebeu a função presidencial como o exercício de um poder moderador que permitiria preservar o país de graves crises institucionais. Esse é o perfil exigido para o próximo Presidente da República.”

Ao não fechar a porta às presidenciais, António Vitorino dá pela primeira vez um sinal de que poderá ser candidato. Várias vezes foi apontado para o cargo e sempre recusou. Em Julho tinha voltado, também em entrevista à RTP, a negar a possibilidade: “Não sou candidato a nada.”

António Vitorino tem uma longa carreira política. Foi uma espécie de número 2 de António Guterres no primeiro Governo formado em 1995, exercendo os cargos de ministro da Defesa e ministro da Presidência. Depois de se demitir do Governo por causa de um escândalo de falta de pagamento do imposto de sisa (um imposto que se pagava nos anos 90 quando se comprava uma casa e que foi substituído em 2004 pelo IMT) foi nomeado por Guterres para comissário europeu. Recentemente ocupou o cargo de director-geral da Organização Internacional para as Migrações. Como advogado, esteve em conselhos de administração de múltiplas empresas.

António Vitorino foi um dos “convidados de honra” da campanha do PS às legislativas – participou numa sessão pública no Porto – e o seu nome foi equacionado pelo secretário-geral, Pedro Nuno Santos, para encabeçar a lista socialista ao Parlamento Europeu.

O antigo comissário europeu passou, doravante, a integrar a lista dos “eventuais candidatos” do PS, onde já estão Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, o ex-secretário-geral António José Seguro, o ex-presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva e a antiga candidata presidencial Ana Gomes.

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