Associação pede ciclovia e insta entidades a repensar metrobus do Porto “como um todo”

A MUBi defendeu que a via exclusiva para o metrobus na Boavista seja transformada em ciclovia nos dias de semana e em espaço de lazer aos fins-de-semana até chegarem os veículos.

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Para a MUBi, "a obra do metrobus não alcançará os objectivos para os quais foi desenvolvida" Nelson Garrido
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A MUBi - Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta pediu que a via do metrobus seja provisoriamente utilizada como ciclovia, instando a Câmara e a Metro do Porto a repensar o projecto "como um todo", com padrões europeus.

"Na sequência dos testes das obras do metrobus feitos pela STCP em Outubro de 2024, a MUBi - Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, vem requerer que a via exclusiva para o metrobus seja transformada em ciclovia nos dias de semana e em espaço de lazer para as crianças e jovens aos fins-de-semana, pelo menos provisoriamente, isto é, até que as viaturas do metrobus cheguem", pode ler-se num comunicado enviado à Lusa.

A associação convida ainda "a Assembleia Municipal do Porto, a Câmara Municipal do Porto e a Metro do Porto a repensar a obra como um todo e a retirar uma das vias dedicada ao trânsito automóvel, em ambos os sentidos, alargando passeios e adicionando uma ciclovia segregada em todo o percurso".

A MUBi insta novamente (depois de o ter feiro em Julho de 2023) a assembleia municipal e a câmara a fazer uma "revisão das opções tomadas no que toca à priorização de formas de mobilidade, protegendo os utilizadores mais vulneráveis, privilegiando os peões, os modos activos de mobilidade, revendo o projecto com valores consentâneos com as políticas de mobilidade de uma cidade europeia, moderna".

Na terça-feira, a STCP concluiu que a operação da linha 203 no canal do metrobus é "insegura, ineficiente e comercialmente desvantajosa", e que as actuais condições comprometem o serviço e segurança dos passageiros. Já a Polícia Municipal do Porto concluiu que o sucesso da operação da STCP no canal do metrobus dependerá da "perícia do motorista" e que "não estão reunidas condições de segurança" para o funcionamento da estação da Casa da Música.

Para a MUBi, "com a recusa da STCP de circular na via exclusiva, com a notória falta de segurança para os utilizadores mais vulneráveis, dada a degradação das condições de circulação para quem se desloca em bicicleta e em modos suaves, e a estreiteza de parte dos passeios, a obra do metrobus não alcançará os objectivos para os quais foi desenvolvida".

"A MUBi continua muito apreensiva com os efeitos que estas opções de urbanismo irão provocar. Mais ainda, com os atrasos para a entrega das viaturas, as condições para a mobilidade activa e suave foram degradadas, sem a pretendida optimização do transporte público na avenida da Boavista", considera. Como exemplo, a associação aponta que "os serviços da STCP que anteriormente usavam o canal BUS, agora partilham a via com trânsito automóvel" na parte onde já está construído o canal do metrobus.

Para a MUBi, o projecto não contemplou o desenho de "um espaço público deste século, alargando passeios e melhorando as condições de segurança e conforto para as pessoas que escolhem usar a bicicleta, particularmente num eixo crucial da cidade como o da Avenida da Boavista".

A associação vinca ainda que "a opção da câmara municipal de não retirar nenhuma via dedicada ao trânsito automóvel foi tomada à custa não apenas da ciclovia existente, parte da qual prevista no PDM [Plano Director Municipal], mas também dos passeios". "Ora, se optimizar o transporte público era o propósito da obra, verifica-se que este objectivo, após o emprego de 76 milhões de euros nas obras e 29,5 milhões de euros com os veículos do serviço, só será atingido, se for", a partir de 2025.

Assim, para a MUBi, "é mais do que necessário retirar uma das vias dedicada ao trânsito automóvel, em ambos os sentidos, alargar os passeios e adicionar uma ciclovia em todo o percurso".

O metrobus do Porto será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império (obra quase concluída) e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respectivamente. Os veículos definitivos dos serviços custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.