Uso de colectores de nevoeiro será alargado em áreas ardidas de Viseu Dão Lafões

Projecto entre Portugal e Espanha obteve resultados positivos no uso dos colectores de nevoeiro em áreas afectadas pelos incêndios. Agora, vão ser alargados às áreas ardidas em Setembro deste ano.

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Em apenas três dias de incêndios em Setembro, o ano de 2024 tornou-se o quarto pior ano da última década em área ardida Nelson Garrido
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A Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões pretende alargar o uso de colectores de nevoeiro na região, depois de terem sido testados com sucesso em Vouzela e Carregal do Sal, no âmbito do projecto europeu Life Nieblas.

Esta quinta-feira foram apresentadas as conclusões do projecto "Life Nieblas – Reflorestação e mitigação das alterações climáticas: testes, avaliação e transferência de métodos de inovação baseados na recolha de nevoeiro" que envolveu os dois concelhos da CIM, em Portugal, e territórios da Gran Canária, em Espanha, afectados pelos incêndios florestais de 2017.

"Em zonas que arderam nos incêndios, foi feita a plantação de espécies autóctones e, posteriormente, a rega dessas espécies foi testada usando colectores de neblina", explicou Nuno Martinho, secretário executivo da CIM, à agência Lusa. "Obtiveram-se resultados fantásticos nas duas regiões. Vimos que as taxas de sobrevivência destas espécies com este tipo de sistema atingiram os 95%", frisou Martinho.

Para o secretário é fundamental que, neste tipo de projectos europeus, "se testem soluções piloto que depois, tendo em conta os resultados, possam ser disseminadas por outras regiões da Europa", o que poderá agora acontecer com os colectores de nevoeiro.

"Tendo em conta os resultados, prevemos estender este projecto também a algumas áreas da CIM que arderam em Setembro de 2024. Mas o objectivo é que este projecto também possa ser levado para outras regiões do país e da Europa", frisou Martinho.

Na sua opinião, estes projectos "devem ter impacto no território, devem concorrer para a competitividade e coesão económica e social da região e, portanto, é muito importante apresentar resultados". Acrescentou, ainda, que "iremos apresentar estes resultados à tutela numa reunião a agendar e, eventualmente, solicitar que alguns financiamentos comunitários possam passar a incluir este sistema de rega como sistema financiado", concluiu à Lusa.

Com um orçamento de cerca de 2,25 milhões de euros e financiado pelo Programa para o Ambiente e a Acção Climática (Life), este projecto foi desenvolvido ao longo de 36 meses.

Além da CIM Viseu Dão Lafões, participam no projecto a empresa pública Gesplan, o Cabildo de Gran Canária, o Instituto Canario de Investigaciones Agrarias, o Instituto Tecnológico de Canárias, a Universidade de La Laguna, a Heredad de Aguas de Arucas y Firgas e o Centro de Investigação Ecológica e Aplicações Florestais da Catalunha.

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