Sarah McBride é a primeira congressista trans a ser eleita nos EUA

Sarah McBride abriu as portas do Congresso dos EUA às pessoas trans. Já foi a primeira mulher transgénero a trabalhar na Casa Branca e também no Senado norte-americano.

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Sarah McBride discursa na Convenção Nacional Democrata em 2016. Foi a primeira pessoa transgénero a fazê-lo TANNEN MAURY / EPA
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A Câmara dos Representantes norte-americana deverá receber pela primeira vez uma mulher assumidamente transgénero. Depois de ter sido a primeira pessoa transgénero a trabalhar na Casa Branca, a discursar na convenção de um grande partido norte-americano e a ocupar um lugar no Senado dos Estados Unidos, a democrata Sarah McBride conquistou agora um novo marco: foi eleita para a Câmara dos Representantes pelo estado de Delaware e será a primeira pessoa trans naquela instituição.

"Obrigada, Delaware! Por causa dos vossos votos e valores, tenho orgulho de ser o vosso próximo membro do Congresso", escreveu Sarah McBride numa reacção publicada na rede social X: "Delaware deixou uma mensagem clara de que devemos ser um país que protege a liberdade reprodutiva, que garante licença remunerada e creches acessíveis para todas as nossas famílias, que garante que a habitação e assistência médica estejam disponíveis para todos e que esta é uma democracia grande o suficiente para todos nós."

Sarah McBride, 34 anos, já trabalhou na administração dos dois últimos presidentes norte-americanos democratas. Em 2012, durante a administração de Barack Obama, a activista democrata estagiou no departamento de Assuntos Intergovernamentais e Participação do Público na Casa Branca, onde se dedicou a assuntos relacionados com os direitos LGBTQIA+. Também veio a trabalhar de perto sobre este tema com Joe Biden, a quem já conhecia desde 2006, quando, ainda adolescente, integrou a campanha para procurador-geral de Beau Biden, filho do ex-Presidente norte-americano. Joe Biden escreveu o prefácio de Tomorrow Will Be Different, o livro publicado em 2018 em que a nova congressista ​disserta sobre a sua própria vida e a caminhada como activista.

Foi ainda em 2012, na sua última semana na presidência do corpo estudantil da American University, em Washington D.C., que Sarah McBride partilhou através de um artigo no jornal académico The Eagle que era uma pessoa trans. Nesse mesmo ano, durante um evento de apoio à causa LGBTQIA+ na Casa Branca, conheceu o futuro marido, Andrew Cray, activista e homem trans. Os dois casaram em 2014 apenas quatro dias antes de Andrew Cray, que estava em estado terminal por causa de um cancro, ter morrido.

Dois anos mais tarde, Sara McBride homenageou o marido no discurso de quatro minutos que fizeram dela a primeira pessoa transgénero a intervir num grande evento partidário — a Convenção Nacional Democrata. "Esta noite é uma prova para os habitantes de Delaware de que mostrámos vezes sem conta que, neste estado de vizinhos, julgamos os candidatos com base nas suas ideias e não nas suas identidades", disse ela à época: "Não me candidatei para fazer história. Candidatei-me para fazer a diferença no meu estado e para este país."

Durante as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos, Sarah McBride ocupou o lugar do democrata Harris McDowell III no Senado, que se tinha reformado, e levou a bom porto a Lei das Famílias Saudáveis de Delaware, que permitia às famílias daquele estado norte-americano usufruírem de 12 semanas de uma baixa médica ou familiar paga​​ em pelo menos 80% do salário do trabalhador ou de até 900 dólares semanais. Agora, ocupará a cadeira de Lisa Blunt Rochester​, que decidiu candidatar-se ao Senado dos Estados Unidos para substituir Tom Carper, que se reformará no fim deste mandato.​

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