Wall Street em alta e bolsas na Europa em baixa no primeiro dia do resto da era Trump

Principais índices norte-americanos registaram ganhos e o dólar cresceu face ao euro logo nas primeiras horas da manhã.

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Em Nova Iorque, os mercados reagiram com ganhos no dia seguinte à votação para as presidenciais Andrew Kelly / REUTERS

Quando a vitória de Donald Trump já era um dado adquirido, os mercados financeiros tiveram um impulso inicial que chegou às principais bolsas europeias, mas ao fim de algumas horas a trajectória de ganhos nos centros financeiros do Velho Continente desvaneceu-se e o dia acabou com os títulos em queda nas bolsas. Só em Wall Street se manteve o optimismo.

Ao mesmo tempo, o dólar norte-americano valorizou-se, enquanto o euro seguiu em sentido oposto.

No dia da assimilação dos resultados eleitorais que carimbam o regresso do ex-Presidente republicano à Casa Branca a partir de Janeiro de 2025, as principais bolsas da Europa acabaram por encerrar em queda, ainda que a manhã tenha sido de ganhos.

Em Frankfurt, o Dax alemão começou o dia a crescer mais de 1%, tendo invertido depois para terreno negativo e terminado a sessão a recuar 1,13% em relação ao dia anterior. O movimento repetiu-se noutras praças.

Em Paris, o índice CAC 40, que também chegou a subir cerca de 1% durante a manhã, fechou a baixar 0,51%.

O londrino FTSE 100 seguiu a mesma tendência, terminando a cair uns ligeiros 0,07%.

Em Bruxelas, o Bel 20 fechou o dia com uma quebra de 0,62%.

Já Madrid e Lisboa registaram perdas logo durante a manhã. E, na hora de encerramento, o Ibex 35 recuou 2,9%; e o lisboeta PSI-20 caiu 3,27%.

Quando as acções europeias já davam sinais de perda, os principais índices de Wall Street abriram em sentido contrário, em alta, registando valores recorde.

Por volta das 13h em Nova Iorque (18h em Portugal Continental), o Nasdaq (do sector tecnológico) subia 1,2%, depois de ter estado a crescer mais de 2% nas primeiras horas; o índice industrial Dow Jones crescia 3%; o S&P 500, que agrega as 500 maiores acções do mercado, avançava cerca de 2%; o NYSE Composite valorizava-se em 1,6%; e o Russel 2000, de empresas de pequena capitalização, progredia mais de 5%.

Se em relação ao mercado europeu, os analistas alertam para o impacto que a política proteccionista de Trump poderá ter na Europa, em Wall Street o sentimento dos investidores com o regresso do republicano a Washington p​arece ser de regozijo perante a possibilidade de as empresas beneficiarem de uma descida dos impostos e de maior desregulamentação. E os primeiros sinais foram de contentamento.

A agência Reuters nota, no entanto, que o aumento dos direitos alfandegários, uma das preocupações do lado europeu, também coloca “desafios” aos Estados Unidos, pelo efeito que terá no défice público e na trajectória da inflação na maior economia norte-americana.

Para as empresas europeias, o regresso de Trump, agora confirmado, significa “uma incerteza considerável em termos de política comercial e geopolítica, com implicações negativas para o crescimento no continente”, afirmou Holger Schmieding, economista-chefe do Berenberg, citado pela Reuters.

Já para as empresas norte-americanas, o cenário de o Governo de Trump aumentar os estímulos económicos e reduzir restrições e regulamentações sobre determinadas indústrias poderá levar a uma “forte recuperação do mercado” já em 2014, “até ao final do ano”, admitiu à mesma agência Sam Stovall, responsável da área de investimentos da empresa de análise CFRA Research.

Como sinal de entusiasmo, a cotação do dólar crescia durante a tarde de quarta-feira 1,6%, passando a valer 0,9297 euros. O movimento de ganhos aconteceu logo nas primeiras horas da manhã em que se confirmava a vitória dos republicanos. Já o euro caiu na mesma proporção em relação à divisa norte-americana, ficando a valer 1,0758 dólares.

O Wall Street Journal escreve que a trajectória dos títulos e das obrigações do Tesouro norte-americano registou subidas, com os investidores a apostarem em transacções que poderão compensar nos próximos anos na sequência das políticas pensadas pelos republicanos. Um dos activos em alta é a bitcoin, que atingiu valores recorde, tendo chegado a superar os 75 mil dólares, numa variação da ordem dos 7%.

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