O “muro” de Lage em Munique resistiu durante 67 minutos

O Benfica sofreu na Alemanha, frente ao Bayern, a segunda derrota consecutiva na Liga dos Campeões, num jogo onde o técnico benfiquista apostou numa estratégia muito defensiva

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Jamal Musiala festeja o golo do Bayern frente ao Benfica Angelika Warmuth / REUTERS
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As fichas foram todas colocadas na tentativa de manter o Bayern a zero durante os 90 minutos, mas a aposta de Bruno Lage em Munique falhou e, no final, foi o Benfica que regressou a Lisboa a zeros. O treinador “encarnado” surpreendeu na quarta jornada da Liga dos Campeões com uma estratégia defensiva e várias novidades no “onze”, mas o plano de jogo pouco ambicioso apenas conseguiu travar o Bayern durante 67 minutos: ao 18.º remate, a equipa alemã fez o golo da vitoria (1-0), que penaliza uma equipa benfiquista que terminou a partida com apenas um remate à baliza dos bávaros.

Na véspera de o Benfica regressar a um estádio de onde nunca saiu com boas recordações – são agora sete jogos e sete derrotas -, Bruno Lage fugiu à questão sobre como iria resolver um problema recorrente nos “encarnados”: encontrar um substituto para Bah que, mais uma vez, ficou de fora por problemas físicos. Garantindo apenas que não seria novamente Aursnes a “tapar o buraco”, o técnico lançou três hipóteses: Tomás Araújo, Issa Kaboré e o jovem Leandro Santos. Lage, porém, tinha outra estratégia e tirou da manga uma carta que terá deixado muitos adeptos benfiquistas de sobrolho franzido.

Para “ter maior segurança na posse de bola” e “provocar confusão de início”, palavras de Lage à Sport TV pouco minutos antes do início da partida, o Benfica surgiu de início num 5x3x2, com Kaboré na direita da defesa, um trio de centrais (Araújo, António Silva e Otamendi), Renato Sanches no meio-campo e nenhum “jogador de área” - Amdouni jogava solto (e quase sempre sozinho) na frente.

A “nota artística” de uma clara aposta defensiva foi negativa, mas, na prática, Lage começou por conseguir o que disse que queria: confundir o Bayern. Sem soluções para desmantelar o muro “encarnado” colocado na frente de Trubin, o Bayern criou apenas uma oportunidade de golo nos primeiros 32 minutos e, embora tenha melhorado no último terço da primeira parte – Kane (32’ e 33’) e Gnabry (38’) forçaram o guarda-redes do Benfica a aplicar-se -, o intervalo chegou com uma goleada do Bayern, mas apenas na estatística: 10-1 em remates; 7-0 em cantos.

Ao intervalo, Bruno Lage fez um pequeno reajustamento na táctica. Com um cartão amarelo e uma mão-cheia de deslizes, Kaboré cedeu o lugar a Beste (o canhoto alemão começou na lateral direita), enquanto Amdouni, que passou ao lado do jogo, foi substituído por um avançado menos móvel (Pavlidis).

As mudanças pouco ou nada alteraram no guião da partida. A segunda parte recomeçou com o Benfica a jogar quase sempre remetido aos 50 metros à frente de Trubin e o Bayern sem grande criatividade para encontrar o caminho do golo.

No entanto, o jogo tinha apenas um sentido. Mesmo sem grande qualidade, os alemães melhoraram a partir dos 56 minutos com a entrada de Leroy Sané e, nos oito minutos seguintes a entrar em campo, o internacional alemão voltou a fazer de Trubin o melhor benfiquista em campo.

Do outro lado, Neuer continuava a ser mais um mero espectador e, no minuto 67, ao 18.º remate do Bayern o plano de jogo de Lage ruiu. Leroy Sané, que mexeu com o jogo dos bávaros, descobriu Kane ao segundo poste e o internacional inglês serviu Musiala, que, de cabeça, fez o golo que decidiu a partida.

Formatado apenas para defender, o Benfica não reagiu e, apesar de Lage ter trocado Kokçu por Arthur Cabral aos 79’, foi o Bayern que, até final, manteve o jogo completamente sob controlo, sem que os "encarnados" chegassem sequer a ameaçar por uma vez o empate.

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