As multas decretadas pelos tribunais aos activistas climáticos sucedem-se, mas desta vez há um valor mais alto em cima da mesa: o estudante que atirou tinta verde a Luís Montenegro durante a campanha eleitoral poderá ter de pagar 1750 euros de indemnização ao actual primeiro-ministro pelo fato Hugo Boss que ficou danificado, além de indemnizações a outras pessoas por danos causados.
A 28 de Fevereiro, o estudante de 19 anos, ligado ao colectivo Greve Climática Estudantil (GCE), atirou tinta verde contra o então candidato da coligação Aliança Democrática para exigir um plano para o “Fim ao Fóssil” até 2030. De acordo com um comunicado da GCE, Vicente Fernandes vai ser ouvido na tarde desta quarta-feira no Campus da Justiça, numa segunda audiência onde serão ouvidas as suas testemunhas.
A Greve Climática Estudantil convocou uma vigília à porta do Campus da Justiça, em solidariedade com o estudante.
Tinta “lavável e ecológica”
Na primeira audiência, que teve lugar a 9 de Outubro, Luís Montenegro pediu uma indemnização de 1750 euros por danos causados ao seu fato. Isabel Santiago, a fotógrafa do então candidato, pede mais de 450 euros de indemnização, e um agente da polícia pediu ainda uma indemnização por danos na roupa, alegando não ter conseguido retirar as manchas de tinta apesar das lavagens, segundo noticiou a agência Lusa.
Vicente Fernandes, que antes de atirar tinta ao actual primeiro-ministro gritou “Montenegro defende a indústria fóssil” tendo sido depois agarrado por polícias, alegou que a tinta que utilizou era à base de água, “lavável e ecológica”.
O jovem mencionou ainda em julgamento que estava a vestir o mesmo casaco e calçado que usou na acção, tendo-lhe sido fácil retirar a tinta verde que também lhe manchou o vestuário, após ser detido.
“As próximas vítimas poderemos ser nós”
Citado em comunicado, Vicente Fernandes insiste que é preciso “travar o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida”.
“A destruição que estamos a ver em Valência com estas cheias de uma dimensão nunca antes vista apenas confirma aquilo que estamos a dizer”, acrescenta o estudante.
“A menos que cortemos drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, as próximas vítimas poderemos ser nós ou alguém que amamos e desastres como este só irão piorar enquanto os governos nada fizerem para pôr um fim aos combustíveis fósseis.”
Carta pelo Fim ao Fóssil
Na sequência da audiência, o movimento GCE lançou uma Carta de Estudantes pelo Fim ao Fóssil até 2030, que “está a ser assinada nas escolas de norte a sul do país”, relata Matilde Ventura, porta-voz do movimento que é também testemunha neste caso.
“Exigimos que o nosso governo apresente um plano para acabar com a queima e uso de combustíveis fósseis no nosso país até 2030, através de uma transição justa”, afirma a estudante, citada em comunicado.
Os estudantes garantem que, se o governo não atender a esta reivindicação, “vão iniciar um período de paralisação das escolas” em Abril do próximo ano.