Estudante que atirou tinta a Montenegro pode ter de pagar pelo fato de 1750 euros

Segunda audiência tem lugar esta quarta-feira para ouvir testemunhas de defesa. Em Fevereiro, o estudante de 19 anos manchou o fato de Luís Montenegro com tinta verde.

Foto
Em Fevereiro, em plena campanha eleitoral, Luís Montenegro foi atingido com tinta verde atirada por um activista da Greve Climática Estudantil Nelson Garrido
Ouça este artigo
00:00
02:49

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

As multas decretadas pelos tribunais aos activistas climáticos sucedem-se, mas desta vez há um valor mais alto em cima da mesa: o estudante que atirou tinta verde a Luís Montenegro durante a campanha eleitoral poderá ter de pagar 1750 euros de indemnização ao actual primeiro-ministro pelo fato Hugo Boss que ficou danificado, além de indemnizações a outras pessoas por danos causados.

A 28 de Fevereiro, o estudante de 19 anos, ligado ao colectivo Greve Climática Estudantil (GCE), atirou tinta verde contra o então candidato da coligação Aliança Democrática para exigir um plano para o “Fim ao Fóssil” até 2030. De acordo com um comunicado da GCE, Vicente Fernandes vai ser ouvido na tarde desta quarta-feira no Campus da Justiça, numa segunda audiência onde serão ouvidas as suas testemunhas.

A Greve Climática Estudantil convocou uma vigília à porta do Campus da Justiça, em solidariedade com o estudante.

Tinta “lavável e ecológica”

Na primeira audiência, que teve lugar a 9 de Outubro, Luís Montenegro pediu uma indemnização de 1750 euros por danos causados ao seu fato. Isabel Santiago, a fotógrafa do então candidato, pede mais de 450 euros de indemnização, e um agente da polícia pediu ainda uma indemnização por danos na roupa, alegando não ter conseguido retirar as manchas de tinta apesar das lavagens, segundo noticiou a agência Lusa.

Vicente Fernandes, que antes de atirar tinta ao actual primeiro-ministro gritou “Montenegro defende a indústria fóssil” tendo sido depois agarrado por polícias, alegou que a tinta que utilizou era à base de água, “lavável e ecológica”.

O jovem mencionou ainda em julgamento que estava a vestir o mesmo casaco e calçado que usou na acção, tendo-lhe sido fácil retirar a tinta verde que também lhe manchou o vestuário, após ser detido.

“As próximas vítimas poderemos ser nós”

Citado em comunicado, Vicente Fernandes insiste que é preciso “travar o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida”.

“A destruição que estamos a ver em Valência com estas cheias de uma dimensão nunca antes vista apenas confirma aquilo que estamos a dizer”, acrescenta o estudante.

“A menos que cortemos drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, as próximas vítimas poderemos ser nós ou alguém que amamos e desastres como este só irão piorar enquanto os governos nada fizerem para pôr um fim aos combustíveis fósseis.”

Carta pelo Fim ao Fóssil

Na sequência da audiência, o movimento GCE lançou uma Carta de Estudantes pelo Fim ao Fóssil até 2030, que “está a ser assinada nas escolas de norte a sul do país”, relata Matilde Ventura, porta-voz do movimento que é também testemunha neste caso.

“Exigimos que o nosso governo apresente um plano para acabar com a queima e uso de combustíveis fósseis no nosso país até 2030, através de uma transição justa”, afirma a estudante, citada em comunicado.

Os estudantes garantem que, se o governo não atender a esta reivindicação, “vão iniciar um período de paralisação das escolas” em Abril do próximo ano.