Visão e outras revistas do grupo em risco de encerramento
Empresa que detém 16 títulos de comunicação social viu chumbado plano de recuperação. O grupo tem dívidas de cerca de 30 milhões de euros.
O grupo Trust in News (TIN), que detém a revista Visão e mais 15 outros títulos, comunicou nesta terça-feira aos trabalhadores que o plano de recuperação da empresa não foi aprovado pelo fisco e pela Segurança Social. O TIN tem dívidas de cerca de 30 milhões de euros, dos quais 15,9 milhões ao Estado, e o chumbo agora conhecido pode colocar em risco de encerramento alguns títulos do grupo.
No princípio do mês de Julho, quando foi conhecida a dívida do grupo detido pelo empresário e ex-jornalista Luís Delgado, aquele tinha 171 funcionários.
“O PER [Processo Especial de Revitalização] da TIN não vai ser aprovado. O tempo e as condições necessárias não se reuniram para se conseguir manter em dia todas as contribuições mensais para o Estado, desde 29 de Maio de 2024, e os ordenados e subsídios de todos os colaboradores”, começa por revelar a administração da empresa no comunicado enviado aos trabalhadores. “Tudo foi sendo feito, todos os meses, para não atrasar muito cada uma das rubricas, mas a realidade é que não foi possível ter tudo em ordem, como bem sabem”, diz a administração.
“A reestruturação interna está a mostrar-se correcta e adequada, mas o tempo que leva a produzir efeitos é mais lento do que a queda de receitas da TIN. Estamos a analisar com os nossos consultores para decidir que medidas devem ser tomadas para a viabilização da empresa, que se mantém a operar normalmente. Disso daremos conta a todos, o mais depressa possível”, conclui o comunicado, revelando que a administração se vai reunir com todos os directores, embora as medidas tomadas não devam ser reveladas nos próximos dias. “Lamentamos profundamente” são as últimas palavras do comunicado.
O grupo que edita revistas como a Exame, Caras, Visão História, Jornal de Letras e Courrier International foi comprado por Delgado em 2018 à Impresa, de Pinto Balsemão, por 10,2 milhões de euros, dos quais 4,2 milhões ainda estão em dívida.
De acordo com o Processo Especial de Revitalização (PER) do grupo, que o Jornal de Negócios revelou em Julho deste ano, a Segurança Social (8,9 milhões de euros) e o fisco (7 milhões) representam 53,2% do total da dívida (de 29,9 milhões de euros) apresentada pela empresa. O terceiro maior credor da TIN é a Impresa, a dona da SIC e do Expresso. O quarto maior da lista de mais de 170 credores, indicados pela unipessoal de Delgado, que também foi administrador da Lusa e é comentador de política na SIC, é o Novo Banco, que tem a haver 3,5 milhões de euros.