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O primeiro IPO Humano chega a Portugal, e é do paulista Guga Stocco
Investidor lança suas próprias ações baseadas em startups que ele vê com potencial de crescimento. Meta é captar, entre Brasil e Portugal, o equivalente a 800 mil euros.
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Quem acompanha diariamente o mercado financeiro já deu de cara com a sigla IPO que, em bom português, significa Oferta Inicial de Ações. Esse é o instrumento usado por empresas que desejam lançar ações na Bolsa de Valores como forma de captar recursos para ampliar investimentos sem recorrer a empréstimos bancários. Até aí, nenhuma novidade. Mas o paulista Guga Stocco, aos 50 anos, decidiu mexer com as estruturas do sistema e lançou o próprio IPO, ou seja, o primeiro IPO Humano que se tem notícia. “Mas não quer dizer que quem investir em minhas ações estará comprando minhas orelhas, por exemplo”, brinca.
Na verdade, Guga reuniu um portfólio de empresas que ele considera revolucionárias para entrar no negócio. Ao aderir ao IPO, o investidor está, automaticamente, tornando-se sócio dessas operações. São startups como a Atypical, que atua na produção de grafeno, material que será usado na fabricação de vergalhões para a construção civil e é quatro vezes mais leve e três vezes mais resistente que o aço, e a Bank Factory, especializada em soluções financeiras. “São empresas voltadas para a inovação, com inteligência artificial, nanotecnologia, que têm tudo para se transformar em gigantes nos setores que atuam”, afirma.
Guga escolheu como parceiros iniciais pequenos investidores, normalmente alijados dos negócios com maior potencial de crescimento. A aplicação inicial, em Portugal, é de 200 euros, o equivalente a R$ 1.240. À medida, porém, que os valores aumentam, chegando ao teto de 10 mil euros (R$ 62 mil), os investidores passam a ter alguns privilégios, como, por exemplo, a participação nas decisões de negócios das empresas. “O que pretendemos, com a pulverização de sócios, é democratizar o capital e criar uma grande comunidade que vai interagir entre si para participar da promoção das empresas e dos produtos que elas oferecem”, explica.
Riscos envolvidos
Ele reconhece, porém, que os investimentos, como quaisquer outros, oferecem riscos. “Se a startup não acontecer, não haverá o retorno esperado. O negócio pode não crescer tanto como o planejado. Pode vir uma tecnologia mais avançada”, ressalta. “Mas eu também estou correndo riscos, investindo meu tempo e meu dinheiro nesses negócios”, complementa. Guga se baseia no histórico empresarial dele para mostrar que fez apostas certas e tem o que apresentar. “Criei o primeiro banco digital do mundo, o Original. Participei de outras empresas, como a Buscapé, sempre de forma disruptiva”, destaca.
No Brasil, o primeiro IPO Humano precisou do aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e fiscaliza o mercado de capitais. Em território luso, a operação será realizada por meio do Mercado Bitcoin, autorizado pelo Banco de Portugal, e comercializará os tokens. “Estamos seguindo todas as regras e passaremos por auditoria, cujos resultados serão apresentados periodicamente. Nossos ativos são reais. Funcionamos como os fundos de venture capital, mas com possibilidade de retorno num período mais curto e com valor menor para os investimentos”, afirma.
A meta de Guga, nessa primeira etapa, é captar, entre Brasil e Portugal, o equivalente a R$ 5 milhões (800 mil euros), um terço do valor máximo de 15 milhões (2,4 milhões de euros) aprovado pelas autoridades. Dos recursos que entrarem em caixa, 80% serão destinados às empresas e 20% irão para a área de compliance, que garantirá a transparência e a segurança das operações. “É muito provável que, nas próximas rodadas, o tíquete de entrada dos novos sócios seja maior”, avisa o empreendedor, que participará da Web Summit, evento de tecnologia que começa em 11 de novembro e vai até o dia 14, em Lisboa.