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Escândalos das bets, que atingiu o Flamengo, têm atletas que jogaram em Portugal
Investigação sobre a manipulação de resultados de jogos e cartões amarelos ou vermelhos que abala o clube com maior torcida no Brasil , o Flamengo, envolve atletas que já jogaram em Portugal.
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O anúncio do envolvimento do jogador Bruno Henrique, do Flamengo, com apostas irregulares em jogos do Campeonato Brasileiro chamou a atenção dos apreciadores de futebol em Portugal. O atacante é suspeito de ter levado cartões amarelos em partidas oficiais com o objetivo de beneficiar familiares e amigos nas bets. A investigação sobre o jogador teria começado após familiares postarem sobre as apostas nas redes sociais.
A Polícia Federal realizou operação na casa do jogador, que teve computador e telefone celular apreendidos. O atleta flamenguista ficou abalado com a presença da polícia na casa dele, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, e chorou na presença dos agentes.
A administração do Flamengo disse que, inicialmente, não tomaria qualquer providência contra Bruno Henrique, como, por exemplo, afastá-lo das atividades diárias de treinamento e seu relacionamento para os jogos já previstos. Nesta quarta-feira (6/11), o time joga contra o Cruzeiro pelo Brasileirão e, no domingo (10/11), enfrentará o Atlético Mineiro pela final da Copa do Brasil, ambas as partidas em Belo Horizonte.
Ligações portuguesas
Entre os oito jogadores investigados no Brasil, está o meia Fernando Neto, 31 anos, que jogou no Paços de Ferreira em 2014 — time da Primeira Liga (equivalente à Série A). Atualmente jogando pelo São Bernardo, de São Paulo, Neto está na mira da Justiça sob a suspeita de receber cartões amarelos para favorecer apostadores.
O centro-avante Matheus Gomes, 28, atualmente no Vilavelhense, do Espírito Santo, também está na mira do Ministério Público de Goiás. Em 2019, ele jogou pelo Carregal do Sal nos campeonatos distritais portugueses (quarta divisão). Segundo apurou o Ministério Público, em 2022, Matheus teria recebido dinheiro para ser punido com um cartão amarelo em um jogo da Série B do Campeonato Capixaba.
Os atletas foram incluídos na operação Penalidade Máxima II, do Ministério Público de Goiás, que detectou manipulação de resultado de jogos de futebol profissional do Brasil. A manipulação dos jogos envolve grupos criminosos que ganham dinheiro com apostas em lances específicos dos jogos, como cartões vermelhos ou amarelos em minutos específicos das partidas, faltas com penalidade máxima, garantia de derrota no final do primeiro tempo, número de escanteios, entre outros.
Até agora, estão sendo investigados oito jogos da série A do Campeonato Brasileiro de 2022. Nessas partidas sob suspeita, sete jogadores são acusados de manipulação. Outros 11 jogadores também foram citados nesse processo, dos quais sete foram afastados dos seus clubes. Nove apostadores e membros de organizações criminosas já foram identificados.
Os atletas eram persuadidos com propostas que, normalmente, iam dos R$ 10 mil (1,66 mil euros) a R$ 100 mil (16,6 mil euros). Foi identificado o caso do jogador Romário, do Vila Nova de Goiás, que teria aceitado R$ 150 mil (24,1 mil euros) para cometer um pênalti. Por ironia, ele não foi convocado para o jogo.
O tema tem peso tão grande que já foi convocada uma comissão parlamentar de inquérito para discutir as bets. Um dos principais alvos das investigações da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Desportivas no Brasil, o empresário William Rogatto está foragido no Norte de Portugal e teme pela própria vida. Ele teve prisão preventiva decretada no país de origem, mas diz que está disposto a colaborar e a pagar pelos crimes que cometeu.
Em entrevista exclusiva ao Maisfutebol, o "rei das despromoções", como é conhecido no mundo da bola, revelou detalhes do esquema criado para lucrar mais de 50 milhões de euros (R$ 300 milhões) e que, agora, afirma que quer se entregar às autoridades brasileiras.