Netanyahu despede ministro da Defesa de Israel alegando “crise de confiança”

Israel Katz, até agora ministro dos Negócios Estrangeiros, substitui Yoav Gallant na pasta da Defesa.

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Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant numa cerimónia militar, no final de Outubro Amir Cohen / REUTERS
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, demitiu esta terça-feira o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e nomeou para o seu lugar Israel Katz, que até agora ocupava o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. Gideon Saar, que era ministro sem pasta, passará a chefiar a diplomacia de Israel.

Justificando a mudança no elenco governativo, Netanyahu afirmou, num comunicado citado pela Reuters, que houve demasiadas divergências entre ele e Gallant sobre a gestão das guerras de Israel actualmente em curso, em Gaza e no Líbano, o que criou uma “crise de confiança” entre ambos.

Nos últimos meses, tornou-se visível o desentendimento entre Gallant e Netanyahu, ambos do partido de direita Likud, sobre os objectivos da guerra de 13 meses de Israel em Gaza contra o grupo militante palestiniano Hamas.

As divergências abertas entre Netanyahu e Gallant reflectiram uma divisão mais ampla entre a coligação governamental de direita de Israel e as Forças Armadas, que há muito favorecem a obtenção de um acordo para pôr fim aos combates e trazer para casa dezenas de reféns ainda detidos pelo Hamas.

Gallant afirmou que a guerra não tinha uma direcção clara, enquanto Netanyahu reiterou que os combates não poderiam cessar enquanto o Hamas não fosse eliminado como entidade governamental e força militar em Gaza.

Pouco antes da eclosão do conflito em Gaza, Netanyahu demitiu Gallant devido a divergências sobre os planos do Governo de reformular o sistema judicial de Israel, mas após protestos em massa o primeiro-ministro readmitiu-o.

Na declaração desta terça-feira, o primeiro-ministro israelita afirmou que, para além das opiniões divergentes, “abriu-se gradualmente uma crise de confiança (...) e esta crise não permite a continuação normal da gestão da campanha”.

“Perante esta situação, decidi hoje pôr termo ao mandato do ministro da Defesa”, declarou Netanyahu, acrescentando que tinha tentado colmatar as lacunas, mas estas “foram-se alargando” e tornaram-se públicas. “Pior do que isso, chegaram ao conhecimento do inimigo, e os nossos inimigos aproveitaram e tiraram muito proveito disso”.

Netanyahu disse que essas lacunas foram acompanhadas por declarações e acções que “contradizem as decisões do Governo e as decisões do gabinete”.

Numa declaração publicada na rede social X após a notícia da sua demissão, Gallant afirmou que “a segurança do estado de Israel foi e continuará a ser a missão da minha vida”.

A notícia de que Benjamin Netanyahu, pressionado pelos parceiros de coligação de extrema-direita, estaria a ponderar despedir Yoav Gallant começou a correr, em meados de Setembro, nos meios de comunicação social israelitas, que falavam em Gideon Saar como potencial substituto na pasta da Defesa.

No final de Setembro, Netanyahu nomeou Saar, presidente do Partido Nova Esperança, na oposição, para o Governo, sem uma pasta atribuída, mas com assento no Gabinete de Segurança, o órgão que supervisiona a gestão das guerras de Israel.

“Agradeço o facto de Gideon Saar ter respondido ao meu pedido e ter aceitado regressar ao Governo. Esta decisão contribui para a unidade entre nós e para a unidade contra os nossos inimigos", declarou na altura Netanyahu. Saar esperava substituir Gallant na pasta da Defesa, mas um acordo para tal com o chefe do Governo acabou por fracassar.