Temos a Fonte de Trevi e agora temos a "Piscina de Trevi". Mas é uma pequena e especial piscina: substitui temporariamente o local para onde os turistas atiram milhões de moedas. Cumpre-se a tradição, na medida do possível, mas a alternativa e o seu efeito visual dividem opiniões, sendo alvo de críticas e polémicas.
A piscina improvisada foi instalada na quinta-feira, com a Fonte de Trevi a apresentar-se seca e em obras, parte de um megaprojecto de melhoramentos por toda a cidade, que no próximo ano é o epicentro do Jubileu, uma celebração católica que apenas ocorre a cada 25 anos. Do Natal de 2024 ao Dia de Reis de 2026, Roma deverá receber mais de 35 milhões de peregrinos.
No caso em apreço, com a fonte temporariamente fora de serviço, optou-se por colocar no local esta caixa rectangular, sem adornos e com acabamentos em contraplacado. Deverá ser apenas durante cerca de um mês, enquanto decorrem obras consideradas "necessárias devido aos fenómenos de deterioração que afectam o monumento", indicou a autarquia local. "Está situado numa zona de grande tráfego pedonal e está sujeito a condições microclimáticas particulares que favorecem a formação constante de resíduos, infestando a vegetação, e de depósitos calcários nas partes mais expostas ao contacto com a água", foi anunciado, em comunicado citado pelo jornal La Stampa.
O jornal recolheu também algumas das piadas que correm pelas redes: "É como guardares os copos de cristal no armário e só usares copos vazios de Nutella", ou como "Quando só usas a sala de jantar para teres sempre em condições a sala de estar para os convidados" ou ainda "Como quando compramos umas cuecas Dolce e Babbana para nos sentirmos cool, mas sabemos que se custaram 1,50 euros não podem ser originais". Não faltam piadas. O Il Messaggero, por exemplo também recolhe algumas chamativas: "Próxima paragem de metro. 'Piscina Trevi'" ou, assinale-se, "Parece a piscina insuflável do Lidl".
Para alguns turistas, como Simai Sandor Akos, à falta de melhor, é uma maneira de "continuar a ter a oportunidade de realizar o gesto de atirar a moeda", disse à Reuters. Reza a lenda que é assim que se garante que um dia se regressará a Roma.
Mas há outros, como Daniela Carbone, que mostram a sua desilusão. A turista disse à Associated Press que considera a piscina "feia". Ainda assim, relata-se, deu algumas moedas aos filhos para atirarem. "Temos de agradar às crianças", justificou.
Já a holandesa Marianna Strekstadt comentou que, já que a fonte está em obras, a colocação da caixa de água é positiva: é "um gesto muito simpático o facto de as pessoas ainda poderem fazer isso", opinou. Vai-se a ver, e a "Piscina de Trevi" ainda se pode tornar uma atracção por si própria.
Além da simpatia, há outro dado relevante: anualmente, a tradição de Trevi rende cerca de milhão e meio de euros. O dinheiro é retirado e o valor é transferido para a Cáritas, que utiliza esta dádiva para financiar um banco alimentar, uma cozinha comunitária e projectos de assistência social.
Sendo uma atracção de massas, numa praça muito pequena, Roma tem estudado formas de controlar os fluxos, e até de lucrar mais com a fonte. A área deverá ser bloqueada, sendo necessário fazer uma pré-reserva online e pagar 2 euros pelo acesso. Cada turista terá meia hora para admirar a obra dos arquitectos Nicola Salvi e Giuseppe Pannini, concluída em 1762. Ainda antes de a medida entrar em vigor, deverá ser construído um passadiço elevado que permitirá apreciar a fonte mais de perto.