Teolinda Gersão é a convidada do Encontro de Leituras de Novembro
A escritora irá ao clube de leitura do PÚBLICO e da revista Quatro Cinco Um a 12 de Novembro conversar sobre o romance O Regresso de Júlia Mann a Paraty.
No ano em que comemorou os 40 anos de carreira literária, em 2021, Teolinda Gersão lançou O Regresso de Júlia Mann a Paraty, que recebeu o Grande Prémio de Literatura dst 2023. Lançado em Portugal pela Porto Editora e publicado no Brasil pela Oficina Raquel, este romance, com várias vozes, mistura realidade e ficção, e é composto por três novelas: “Freud pensando em Thomas Mann em Dezembro de 1938”; “Thomas Mann pensando em Freud em Dezembro de 1930” e “O Regresso de Júlia Mann a Paraty”.
Estes monólogos trazem-nos o médico judeu fundador da psicanálise Sigmund Freud, quando já se encontrava refugiado em Inglaterra após a anexação da Áustria pela Alemanha nazi; o Prémio Nobel de Literatura de 1929, autor de Os Buddenbrook, e também a sua mãe, Júlia da Silva Bruhns, que nasceu em Paraty, no Brasil, em 1851, filha de pai alemão e mãe brasileira de origem indígena, e que viveu na fazenda Boa Vista até aos sete anos, altura em que partiu para a Alemanha. Foi a primeira vez em que Teolinda Gersão escreveu sobre personagens reais.
O clube de leitura do PÚBLICO e da Quatro Cinco Um, que decorre no Zoom, vai receber Teolinda Gersão no dia 12 de Novembro (22h em Lisboa, 19h em Brasília), para conversar sobre este romance. Como habitualmente, a sessão é aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 821 5605 8496 e a senha de acesso 719623. Aqui fica o link.
A jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Paulo Werneck, director de redacção da revista Quatro Cinco Um, apresentam o evento, destinado a leitores de língua portuguesa, no qual se discutem romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor, editor ou especialista convidado.
Neste livro, Teolinda Gersão “faz um retrato da Alemanha nos anos que precederam a Segunda Guerra”, como escreveu no Ípsilon o crítico José Riço Direitinho, que a entrevistou, e fala-nos também do “papel e da condição social da mulher” daquela época. “A ideia de escrever este livro veio sobretudo da minha curiosidade pela personagem de Júlia Mann, sobre a qual, durante muito tempo, além da sua origem brasileira, pouco ou nada sabia. Tive vontade de procurar essa mulher na sua vida real, e escutar, da sua boca, o que ela tinha a dizer”, explicou a autora nessa entrevista. Na realidade, Júlia Mann nunca mais regressou ao Brasil e Teolinda Gersão imagina-o.
Teolinda Gersão partiu não só da leitura das memórias de Júlia Mann (Aus Dodos Kinderheit/Da infância de Dôdô), mas também de pequenos textos literários e cartas que a brasileira escreveu. Leu também a biografia da família Mann escrita pelo filho mais novo, Viktor, Éramos cinco, e ainda as Memórias não escritas de Katia Mann, mulher de Thomas.
A escritora portuguesa, que nasceu em Coimbra, em 1940, tinha 41 anos quando publicou o seu primeiro livro, O Silêncio, pelo qual recebeu o Prémio de Ficção do Pen Clube em 1981. Tendo estudado nas universidades de Coimbra, Tübingen e Berlim, Teolinda Gersão foi leitora de português na Universidade Técnica de Berlim e professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde leccionou Literatura Alemã e Literatura Comparada. Em 1995 deixou a academia para se dedicar inteiramente à escrita.
A sua vasta e premiada obra inclui, além do romance, contos, novelas, literatura infantil, ensaio e diários. Entre as suas obras premiadas estão os romances O Cavalo ao Sol (Prémio de Ficção Pen Clube 1989), A Cidade de Ulisses (Prémio Ciranda 2012 e Prémio da Fundação António Quadros) e Passagens (Prémio Fernando Namora 2014); a novela Os Teclados (Prémio Fernando Namora 1999); e os livros de contos A Mulher que Prendeu a Chuva (Prémio Máxima de Literatura 2008 e Prémio de Literatura Fundação Inês de Castro) e Prantos, Amores e Outros Desvarios (Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco 2016).
Pelo conjunto da sua obra, a autora recebeu, em 2017, o Prémio Vergílio Ferreira e, em 2018, o Marquis Lifetime Achievement Award.
Às livrarias portuguesas, acaba de chegar um novo romance de Teolinda Gersão, Autobiografia não escrita de Martha Freud (Porto Editora), que se baseia essencialmente nas cartas de Sigmund Freud e Martha Bernays, escritas durante o noivado dos dois, entre 1882 e 1886, mas também em missivas que Freud enviou a outras pessoas, como Anna Freud e Minna Bernays.