COP29: Von der Leyen não vai representar UE na cimeira do clima

A presidente da Comissão Europeia não vai viajar até ao Azerbaijão porque está a decorrer o processo de confirmação dos comissários europeus. Charles Michel e Wopke Hoekstra lideram delegaçaão da UE.

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Ursula Von der Leyen não irá a Bacu, no Azerbaijão, à COP29 OLIVIER MATTHYS / EPA
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, não vai participar na conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, a COP29, que decorre em Bacu, no Azerbaijão, de 11 a 22 de Novembro, disse um porta-voz da Comissão à Reuters.

Von der Leyen faltará à COP29 porque durante este período estão a realizar-se as audições dos comissários europeus que formarão a sua equipa no Parlamento Europeu e que irão liderar a definição das políticas da UE nos próximos cinco anos.

"A Comissão encontra-se numa fase de transição e a presidente irá, por conseguinte, concentrar-se nas suas funções institucionais", afirmou o porta-voz nesta terça-feira.

Nem todos os líderes mundiais participam nas cimeiras da ONU sobre o clima. Em reuniões anteriores, o discurso dos chefes de Estado e de Governo na COP foi aproveitado para anunciar novas políticas de redução das emissões de gases com efeito de estufa e novos financiamentos, ou para redobrar o seu empenhamento nos esforços globais para travar as alterações climáticas.

Veja-se o discurso do Presidente brasileiro Lula da Silva há dois anos, no Egipto, onde anunciou o regresso do Brasil à diplomacia climática e também a candidatura do Brasil para organizar a COP30, em 2025.

Von der Leyen não será o único dirigente a faltar à COP29. O Presidente dos EUA, Joe Biden, não viajará para o evento, disse fonte da administração Biden à Reuters. A COP29 começa a 11 de Novembro, alguns dias depois das eleições presidenciais nos EUA, que decorrem nesta terça-feira.

Aliás, as eleições norte-americanas estão a pairar sobre as negociações da ONU sobre o clima este ano, onde cerca de 200 países tentarão chegar a acordo sobre um enorme aumento do financiamento global para cumprir os objectivos de redução de gases de estufa e adaptação.

Donald Trump retirou os EUA do Acordo de Paris para diminuir as emissões de CO2, o principal gás com efeito de estufa e reduzir os impactos das alterações climáticas durante a sua primeira presidência, em 2017. Se Trump o candidato republicano for o vencedor das eleições norte-americanas, isso poderá dificultar a obtenção de um acordo na COP29 que preveja um aumento significativo do financiamento para a acção climática, dizem os diplomatas do clima.

Mas nem tudo se joga na presença ou ausência de chefes de Estado. Li Shuo, especialista em diplomacia climática do Asia Society Policy Institute, afirmou que aquilo que os países trouxerem para a COP29, em termos de acções para mobilizar mais financiamento, acabará por ser mais importante do que a presença dos chefes de Estado.

" O mais importante é a liderança. Os líderes devem estar sempre presentes na COP. Mas, mais importante do que a sua presença, são os compromissos efectivos que os países trazem para a mesa", afirmou.

A China, o Japão, a Austrália e o México também não constam da última agenda da ONU de discursos dos chefes de Estado na COP29.

A UE será representada na cimeira pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e pelo responsável pela política climática do bloco, Wopke Hoekstra.

A COP29 coincide com a cimeira do Grupo dos 20, que se realiza no Brasil a 18 e 19 de Novembro, onde os líderes também discutirão os esforços para financiar a transição climática.