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Frutas brasileiras cultivadas em casa: um gostinho da infância na palma da mão
Ter jabuticabas, uvaias, guabijus, araçás-boi, carambolas ou pitangas produzidas em vasos, em casa, é a experiência que a Dorca Plantas trouxe para Portugal. Fica um gostinho de Brasil.
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Quando fundaram a Dorca Plantas, Isabel e o marido, Sérgio Amate, não imaginavam que uma ideia surgida por acaso transformaria suas vidas e o mercado de frutas em Portugal. Especializada em mudas de árvores frutíferas brasileiras, a empresa tornou-se referência para portugueses interessados em cultivar plantas tropicais típicas do Brasil. São cerca de mil mudas por ano de frutas brasileiras que fazem sucesso em terras portuguesas. As quatro mais pedidas são jabuticaba, guabiju, goiaba e uvaia.
Tudo começou em 2016, quando Isabel e Sérgio, depois de atravessarem o Atlântico, procuravam encontrar um caminho em Portugal. Isabel enfrentava uma depressão, agravada pela falta de oportunidades de trabalho. A ideia surgiu quando viu plantas num vaso que davam frutas. “Fui a um horto e vi um morangueiro com frutos em um vaso. Não sabia que era possível”, relembra.
A partir dessa descoberta, Isabel começou a se informar sobre o cultivo de árvores frutíferas brasileiras em vasos, o que acabaria por se tornar a base do negócio. Em meio às habituais dificuldades do início de uma empresa, com muitas dúvidas sobre o modelo de negócio, havia um obstáculo a mais, que era a reação dos potenciais clientes. “Você precisa fazer o cliente confiar em você para comprar uma planta que ele nunca viu antes, como a jabuticaba, por exemplo”, afirma Sérgio.
Outro obstáculo era o próprio processo de cultivo, o que exigiu muitas experiências até encontrarem a melhor forma de lidar com plantas tropicais em um clima muito diferente do que se tem no Brasil. “Muitas plantas não se adaptam ao frio de Portugal, e precisamos explicar ao cliente que, em alguns casos, ela só vai se desenvolver se for colocada em vasos e protegida durante o inverno”, explica Isabel.
Mais procuradas
A jabuticabeira é, sem dúvida, a estrela da Dorca Plantas. Sérgio conta que os preços variam de 19 a 200 euros (R$ 118 a R$ 1.240), no caso de plantas enxertadas. As mudas mais caras são muito disputadas pelos clientes. “Uma jabuticabeira que não é enxertada pode levar de 12 a 15 anos para dar frutos. Já uma unidade enxertada produz em cerca de três anos. O investimento compensa pelo tempo que se economiza”, destaca.
Além da jabuticabeira, outras árvores frutíferas brasileiras têm grande aceitação, como a goiabeira, as de uvaia, de guabiju (desconhecida por muitos brasileiros, mas que vem ganhando adeptos em Portugal) e do araçá-boi, além de caramboleiras e pitangueiras. Isabel observa que, para muitos, a compra de uma planta frutífera traz um sentimento de nostalgia. “Muitos clientes nos dizem que querem ter em casa plantas que lembrem sua infância no Brasil”, ressalta.
O modelo de negócios da Dorca Plantas é baseado na terceirização da produção. Isabel e Sérgio trabalham com produtores certificados, que fazem o enxerto e o cultivo das plantas. “Nós não produzimos diretamente as mudas. Compramos de produtores que têm as licenças necessárias para exportar para todos os países da Europa, o que nos permite focar no relacionamento com os clientes e na venda”, explica a empresária.
O processo de certificação e legalização das plantas é outro aspecto crucial do negócio. As mudas precisam ter um passaporte fitossanitário europeu, que garante que elas estão livres de pragas e doenças. Para Isabel, isso é fundamental para manter a qualidade das plantas. “Só vendemos plantas que têm esse passaporte, para garantir que não estamos introduzindo espécies que possam causar desequilíbrios no ambiente”, explica.
Pés no chão
Com o aumento da demanda, Isabel e Sérgio estão em processo de expansão. Compraram uma quinta de 3 mil metros quadrados em Azinhaga do Porto, a 160 quilômetros a norte de Lisboa, onde montaram uma estufa e um espaço de exposição de plantas. “Ainda enfrentamos alguns desafios, principalmente com o clima, mas acreditamos que esse espaço será um diferencial para nossos clientes, que poderão ver de perto as plantas antes de comprar”, comenta Sérgio.
Mesmo com o crescimento, o casal mantém os pés no chão. “Não podemos ampliar muito a produção, porque tudo depende da planta-mãe e do tempo que as mudas levam para se desenvolver. Além disso, queremos garantir que estamos oferecendo plantas de qualidade”, afirma Isabel.
Outro projeto em andamento envolve o lançamento de um novo site com inteligência artificial, que facilitará o atendimento ao cliente e tornará o processo de compra mais eficiente. “Queremos oferecer uma experiência completa, desde a escolha da planta até o cuidado após a compra. Para isso, estamos sempre estudando e buscando formas de melhorar o nosso serviço”, diz Isabel.
Na Dorca Plantas, Sérgio trouxe sua experiência para ajudar no gerenciamento da empresa, mas ele admite que é Isabel quem realmente domina o negócio. Foi ela quem aprendeu a cultivar plantas tropicais em um ambiente europeu e a lidar com todas as exigências legais do mercado. O casal acredita que foi o atendimento personalizado a razão de a empresa conquistar um público fiel, que deseja ter plantas que trazem consigo um pedacinho do Brasil.